Bolsonaro relata dificuldade de conversar no G20: ‘Só o essencial’

O presidente, porém, negou isolamento e citou conversa com chanceler alemã: 'Se tivesse um salão de dança, eu iria dançar com a Merkel'

O presidente Jair Bolsonaro, ao lado do ministro das Comunicações, Fábio Faria. Foto: Reprodução

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O presidente Jair Bolsonaro admitiu que teve dificuldade de conversar com outros chefes de Estado no encontro do G20 em Roma, na Itália, por causa do idioma. Em transmissão ao vivo na internet, nesta quinta-feira 4, ele rebateu, no entanto, notícias de que tenha ficado isolado no evento.

 

 

“Ali é uma dificuldade para você conversar, por causa da língua, né. Você conversa só o essencial”, disse Bolsonaro. “Mas estive com vários chefes de Estado, o que é comum acontecer em todo momento.”

Apesar de vídeo divulgado pelo jornalista Jamil Chade, do UOL, ter mostrado o isolamento do presidente brasileiro na antessala do G20, Bolsonaro disse que conversou com diversos líderes, inclusive a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, por meia hora.


De acordo com a Bloomberg, Bolsonaro disse a ela que não é tão “mau” quanto alegam.

“Em dado momento, eu pisei no pé da Angela Merkel. Já imaginou? Ela olhou para a minha cara e falou ‘só podia ser você'”, afirmou Bolsonaro. “Fiquei feliz que ela me conhecia. Ela podia não me conhecer.”

Bolsonaro disse que, horas depois, sentou-se próximo a Merkel em um jantar.

“Começamos a bater um papo, meia hora de conversa. Excepcional. Diferente daquela mulher que a gente via sempre, sisuda, parece que sempre preocupada com muita coisa. É uma mulher descontraída. Se tivesse um salão de dança lá, com toda a certeza eu iria dançar com a Angela Merkel”, afirmou.

O presidente negou ainda a ocorrência de qualquer incidente no encontro, embora jornalistas tenham registrado agressões a profissionais de imprensa por parte de seguranças do governo.

“Não tive nenhum incidente. Nenhum incidente. Sem problema nenhum. Quando eu cheguei, pela porta do hotel, tinha uma meia dúzia lá gritando, e depois da gritaria eu saí pelos fundos do hotel, para a imprensa não ir atrás de mim e ninguém sair gritando atrás de mim”, declarou.

Bolsonaro é o único dos líderes do G20 que se recusa a tomar a vacina contra a Covid-19. Ainda assim, exaltou a imunização voluntária durante pronunciamento e defendeu esforços no combate à pandemia.

O vice-presidente Hamilton Mourão minimizou o isolamento de Bolsonaro, ao ser questionado sobre a falta de encontros bilaterais. Além disso, disse que considerou o discurso do presidente “muito bom”.

“A reunião do G20 é densa, existem discussões técnicas antes. Quando se reúnem os representantes das vinte maiores economias do mundo, já vem uma agenda pré-preparada”, afirmou o general, no Palácio do Planalto. “Essa questão de reuniões bilaterais… Eu acho que naquele momento não foi previsto isso.”

 

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