Política

Bolsonaro sela acordo e americanos poderão lançar foguetes do Brasil

Uso da Base de Alcântara, no Maranhão, deverá ser submetido ao Congresso Nacional

Bolsonaro e Tom J. Donohue, chefe da U.S. Chamber of Commerce (Foto: Alan Santos/PR)
Apoie Siga-nos no

De passagem pelos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro assinou a concessão aos Estados Unidos do direito de lançar satélites e foguetes na Base de Alcântara, no Maranhão. O texto deverá ser submetido ao Congresso Nacional.

Ficou combinada uma espécie de “salvaguarda tecnológica”: apenas pessoas designadas pelas autoridades dos EUA terão acesso aos equipamentos com tecnologia norte-americana, pois o país teme espionagem. Em contrapartida, o Brasil receberá pagamento pelo uso do espaço.

Os americanos poderão lançar foguetes e satélites comerciais no lugar, que passará a se chamar Centro de Lançamento de Alcântara. A localização da base, próxima da Linha do Equador, reduz em até 30% o custo de um lançamento.

Em discurso na Câmara de Comércio dos EUA, Bolsonaro disse que quer ampliar as parcerias com os Estados Unidos e espera assinar acordos maiores. No Twitter, ressaltou que o território continuará sob o comando brasileiro.

Leia também: Bolsonaro dispensa visto para EUA, Canadá, Japão e Austrália

Leia também: Nos EUA, Bolsonaro visita a CIA em evento fora da agenda oficial

Ceder a base militar maranhense já era uma promessa de Bolsonaro. Em janeiro, ventilou-se até que ele cederia o espaço para que os americanos instalassem uma base militar própria em solo brasileiro. O núcleo militar do governo tratou de enterrar a ideia.

Mas as negociações entre Brasil e EUA corriam desde o governo Fernando Henrique Cardoso. Foram sepultadas durante a era Lula, reviveram brevemente com Dilma em 2013, e só voltaram, à miúda, durante a passagem de José Serra pelo Ministério das Relações Exteriores em 2017.

A verba recebida pelo Brasil poderá financiar o Programa Espacial Brasileiro. Mas há algumas ressalvas. O deputado Enio Verri (PT) aponta que o acordo não permite investimentos em veículo lançador brasileiro. “O Brasil não poderá desenvolver tecnologia em seu próprio território. Bolsonaro é patriota dos EUA.” escreveu, nas redes sociais.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo