Política
Bolsonaro sela acordo e americanos poderão lançar foguetes do Brasil
Uso da Base de Alcântara, no Maranhão, deverá ser submetido ao Congresso Nacional
De passagem pelos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro assinou a concessão aos Estados Unidos do direito de lançar satélites e foguetes na Base de Alcântara, no Maranhão. O texto deverá ser submetido ao Congresso Nacional.
Ficou combinada uma espécie de “salvaguarda tecnológica”: apenas pessoas designadas pelas autoridades dos EUA terão acesso aos equipamentos com tecnologia norte-americana, pois o país teme espionagem. Em contrapartida, o Brasil receberá pagamento pelo uso do espaço.
Os americanos poderão lançar foguetes e satélites comerciais no lugar, que passará a se chamar Centro de Lançamento de Alcântara. A localização da base, próxima da Linha do Equador, reduz em até 30% o custo de um lançamento.
Em discurso na Câmara de Comércio dos EUA, Bolsonaro disse que quer ampliar as parcerias com os Estados Unidos e espera assinar acordos maiores. No Twitter, ressaltou que o território continuará sob o comando brasileiro.
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Brasil e os EUA assinaram acordo de salvaguardas tecnológicas para permitir o uso comercial do centro de lançamento de Alcântara, no Maranhão. O acordo prevê que os EUA poderão lançar satélites e foguetes da base maranhense. O território continuará sob jurisdição brasileira.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 18, 2019
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Ceder a base militar maranhense já era uma promessa de Bolsonaro. Em janeiro, ventilou-se até que ele cederia o espaço para que os americanos instalassem uma base militar própria em solo brasileiro. O núcleo militar do governo tratou de enterrar a ideia.
Mas as negociações entre Brasil e EUA corriam desde o governo Fernando Henrique Cardoso. Foram sepultadas durante a era Lula, reviveram brevemente com Dilma em 2013, e só voltaram, à miúda, durante a passagem de José Serra pelo Ministério das Relações Exteriores em 2017.
A verba recebida pelo Brasil poderá financiar o Programa Espacial Brasileiro. Mas há algumas ressalvas. O deputado Enio Verri (PT) aponta que o acordo não permite investimentos em veículo lançador brasileiro. “O Brasil não poderá desenvolver tecnologia em seu próprio território. Bolsonaro é patriota dos EUA.” escreveu, nas redes sociais.
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