O presidente Jair Bolsonaro usou nomes falsos nos exames de testagem o coronavírus. Os laudos que foram apresentados nesta quarta-feira 13 pelo governo ao Supremo Tribunal Federal saíram em nome de “Airton Guedes”, “Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz, e “paciente 05”. Todos os exames deram negativo para o coronavírus, SARS-CoV2.
Segundo ofícios anexados pela AGU no Supremo, foram utilizados nos laudos nomes de terceiros para preservação da imagem e privacidade do presidente da República e por questões de segurança. O CPF e a data de nascimento nos papéis, no entanto, são de Bolsonaro.
O presidente já havia falado sobre o resultado negativo dos exames, mas se recusava a entregá-los. A entrega só passou a ser exigida depois que o jornal O Estado de S. Paulo entrou na justiça pedindo acesso aos laudos. O processo foi marcado por algumas idas e vindas. O veículo chegou a receber decisões favoráveis, com a determinação de que o exame fosse entregue em 48 horas, mas o governo conseguiu reverter a ordem no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3).
Por fim, o jornal recorreu ao Supremo Tribunal federal. Na terça-feira 12, AGU decidiu entregar os laudos antes mesmo de uma decisão do ministro Lewandowski.
Os laudos dos exames têm data dos dias 12, 17 e 18 de março. Os dois primeiros exames foram processados por laboratórios privados e o terceiro pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Primeiro exame:
Segundo exame:
Terceiro exame:
A coleta para o primeiro exame, realizada em um Hospital das Forças Armadas, foi feita dias depois que o presidente retornou de viagem aos EUA. Ao longo do mês de março, pelo menos 23 pessoas que participaram da viagem oficial testaram positivo para a Covid-19. O primeiro a ter o resultado positivo foi o secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, que fez a testagem após o seu desembarque.
Os três exames usaram o método PCR, considerado mais eficaz porque rastreia o material genético do coronavírus. Ele identifica bem a covid-19 a partir dos primeiros três dias de sintomas – diferentemente do teste rápido, que tem eficácia maior após o 10º dia de sintomas.
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