Bolsonaro vai à PF, não presta depoimento e volta a atacar a eleição de 2022

O ex-presidente apresentou por escrito seus esclarecimentos sobre o inquérito que apura a atuação de empresários que defendiam um golpe

Reprodução/YouTube

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compareceu à sede da Polícia Federal em Brasília, nesta quarta-feira 18, mas não respondeu a qualquer pergunta e apresentou por escrito seus esclarecimentos sobre o inquérito que apura a atuação de empresários que defendiam no WhatsApp um golpe de Estado.

No documento, os advogados do ex-capitão criticam a condução da investigação pelo Supremo Tribunal Federal. Ao sair da PF, Bolsonaro disse que o inquérito busca “calar e censurar” Luciano Hang, da Havan, e voltou a questionar a lisura do processo eleitoral brasileiro.

“As eleições foram conduzidas com parcialidade no ano passado”, alegou, sem qualquer prova, como de praxe.

O ex-presidente estava acompanhado dos advogados Daniel Tesser, Fabio Wajngarten e Paulo Bueno. Ele foi intimado a depor em 22 de agosto, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.

As investigações da PF miram a incitação a um golpe de Estado e tramitam no inquérito que apura as chamadas milícias digitais.

O plano teria sido discutido pouco antes do primeiro turno das eleições de 2022, em um grupo chamado “Empresários e Política”. Nele, estavam presentes empresários como Hang e Meyer Joseph Nigri, fundador da Tecnisa.


Nas conversas, alguns integrantes avaliavam que, em caso de vitória de Lula (PT), seria necessário haver um golpe no Brasil. O material foi revelado pelo portal Metrópoles.

Mensagens encontradas no celular de um desses empresários mostravam um conteúdo enviado em junho de 2022 pelo contato “PR Bolsonaro 8” pedindo que Nigri repassasse “ao máximo” textos com acusações contra o ministro Luís Roberto Barroso e o Datafolha.

Apesar de o relatório da investigação não cravar que se tratava de um contato feito pelo então presidente, Bolsonaro admitiu ter enviado a mensagem, em entrevista à Folha de S.Paulo. “Eu mandei para o Meyer, qual o problema?”, indagou.

Esta é a quinta vez que o ex-presidente é convocado a depor à PF no âmbito dos inquéritos de que é alvo.

Desde que deixou a Presidência da República, ele já foi ouvido pelas autoridades em investigações sobre supostas fraudes em cartões de vacina e no caso da apropriação indevida de joias recebidas em viagens oficiais.

Além disso, forneceu explicações no inquérito sobre os atos golpistas de 8 de Janeiro e na investigação a respeito de um suposto plano de golpe de Estado denunciado pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES).

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