O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) afirmou nesta quarta-feira 24 ter sido chamado de “meu líder” por um suspeito de liderar movimentos extremistas devido ao contexto eleitoral. A mensagem foi um dos elementos reunidos pela Polícia Federal para deflagrar uma operação contra o parlamentar na semana passada.
A PF enviou suas apurações ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que autorizou a operação, com a concordância da Procuradoria-Geral da República.
A primeira menção a Jordy no documento ressalta suas “fortes ligações” com Carlos Victor de Carvalho, vereador suplente na Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes (RJ) e servidor da Assembleia Legislativa do Rio. Ele seria uma liderança dos movimentos de extrema-direita no município, onde organizaria atos criminosos.
Para a PF, a relação entre Victor e Jordy “transpassa o vínculo político, vindo denotar-se que o parlamentar além de orientar tinha o poder de ordenar as movimentações antidemocráticas, seja pelas redes sociais ou agitando a militância da região”.
O relatório expõe uma troca de mensagens em 1º de novembro de 2022, logo após o segundo turno da eleição presidencial.
“Bom dia, meu líder”, diz Carlos Victor de Carvalho a Jordy. “Qual direcionamento você pode me dar? Tem poder de parar tudo.”
Jordy, então, respondeu com a seguinte mensagem de texto: “Fala irmão, beleza? Está podendo falar aí?”. Carlos Victor afirmou que o deputado poderia telefonar.
Naquele dia, reforça a PF, já ocorriam bloqueios de rodovias em todo o País, inclusive em Campos. O fato de Carlos Victor se referir a Jordy como “meu líder” e pedir orientação a fim de “parar tudo” reforça as suspeitas dos investigadores de que o parlamentar bolsonarista participou dos atos ilegais.
O líder da Oposição na Câmara se manifestou sobre o tema em um pronunciamento nesta quarta.
“Pegaram uma mensagem em que o CVC me chama de ‘meu líder’. Quantos de nós não somos chamados de ‘meu líder’ em Brasília? Meu líder porque ele fez campanha para mim. E aí se distorce tudo o que ele fala”, disse Jordy.
“Ele pergunta: ‘qual o direcionamento? Tem o poder de parar tudo’. E eu pergunto se ele poderia me ligar ou se eu poderia ligar, não lembro direito. E tenho plena convicção de que falei: ‘isso não vai dar em nada, acabou’. Eu nunca incitei nada.”
Além de autorizar busca e apreensão de equipamentos eletrônicos, armas e munições de Jordy e de outros nove representados, Moraes afastou o sigilo de dados telefônicos e telemáticos dos dispositivos apreendidos, assim como de endereços de e-mail e contas em redes sociais.
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