Economia

Brasil e Argentina anunciam acordo de US$ 600 milhões para garantir exportações brasileiras

O aporte financeiro deve ser liberado pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina

O ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, durante ato de assinatura com o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, na Casa Rosada, em Buenos Aires, Argentina. Foto: Ricardo Stuckert/PR
Apoie Siga-nos no

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro argentino da Economia, Sergio Massa, informaram a fixação de um acordo de 600 milhões de dólares em garantias para as exportações brasileiras à Argentina.

De acordo com o ministro de Lula (PT), o aporte financeiro foi oferecido pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina, a CAF [banco composto por 20 países e que tinha o nome de Corporação Andina de Fomento ao ser criado, em 1970]. Haddad disse ter feito uma reunião com o presidente da CAF, Sergio Díaz-Granados, em Brasília, nesta segunda-feira 28, para tratar do assunto.

Segundo o petista, a CAF entrará com uma garantia para o Banco do Brasil, que oferecerá as garantias para as exportações brasileiras à Argentina por meio do Programa de Financiamento às Exportações, o Proex.

A operação foi pensada para aumentar a segurança de exportadores brasileiros, que estão receosos de levar calote de empresas do país vizinho. Ao mesmo tempo, o governo brasileiro deseja retomar a liderança entre os parceiros comerciais da Argentina, hoje ocupada pela China.

Anteriormente, o Brasil havia feito uma proposta para a Argentina pagar por exportações brasileiras em moeda chinesa. Assim, se alguma empresa argentina desse calote em brasileiros, haveria um valor em dinheiro a ser convertido de yuan para reais e pago para repor o prejuízo.

Portanto, na prática, a Argentina pagaria as compras de produtos do Brasil em yuan, e a filial do Banco do Brasil em Londres converteria a moeda em reais, antes de remeter os valores ao exportadores brasileiros.

Porém, com a contribuição da CAF, a Argentina não precisa abrir mão de suas reservas para garantir o pagamento das exportações brasileiras, disse Haddad.

“Quando você exporta autopeças para a Argentina, você automaticamente garante divisas para a Argentina, porque parte dessas peças vai ser utilizada em carros produzidos na Argentina que chegarão ao Brasil”, declarou o ministro. “Então, foi uma maneira que a CAF encontrou de restabelecer o fluxo comercial entre os dois países, sem a necessidade de a Argentina abrir mão de reservas, mesmo em yuan, que para eles, neste momento, é importante para as operações que eles, inclusive, têm junto à China.”

Segundo Haddad, foram criados grupos de trabalho entre os órgãos para estudar essa possibilidade, com prazo até 14 de setembro. A ideia é que, ainda no mês que vem, a garantia da CAF seja autorizada. A cadeia automotiva deve ser a maior beneficiada, mas o setor de alimentos também deve ser impactado.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo