O ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, rebateu neste sábado 3 as afirmações do secretário-geral da Fifa, Jèrôme Valcke, de que a construção de estádios e de infraestrutura de transportes e hotéis para os torcedores da Copa do Mundo de 2014 estão atrasadas.
Para o dirigente francês, poucas coisas estão funcionando no Brasil e os organizadores precisam de “um chute no traseiro”, pois o País parece mais preocupado em ganhar a Copa que com organizá-la.
Em coletiva de imprensa, Rebelo disse que o governo brasileiro não quer mais Valcke como o interlocutor nos preparativos para o mundial de futebol.
“A interlocução do governo não pode ser feita por meio de quem emite declarações intempestivas”, disse o ministro.
Aldo ainda enfatizou que o francês não será mais recebido pelo governo e que suas palavras foram “impertinentes e fora de lugar, usando expressões desapropriadas para tratar relações de interesse entre a secretaria e o país sede.”
O ministro também considerou “fora da realidade” a avaliação do secretário-geral sobre atrasos nas obras e indicou que a maioria dos estádios está respeitando os cronogramas previstos. Segundo Rebelo, 42 das 51 obras de infraestrutura mantêm seu plano de entrega para o próximo ano.
“A Copa do Mundo será feita no Brasil porque foram escolhidos, não fomos sorteados”, destacou.
Em Londres, Valcke criticou a decisão brasileira. “Se o resultado (de minhas declarações) é que não querem mais falar comigo, se não sou a pessoa com quem querem trabalhar, então isso é um pouco infantil. Vou viajar ao Brasil no dia 12 de março.”
O deputado federal e ex-jogador Romário, crítico do ritmo dos preparativos de seu país para o Mundial, considerou “mal-educadas” as palavras de Valcke, mas disse via Twitter que o secretário-geral tem “100% de razão ao apontar os atraso do País.
Críticas
Valcke, que está na Inglaterra para a reunião anual do Conselho Legislador da Fifa, também fez duras críticas à Lei Geral da Copa a tramitar na Câmara dos Deputados. Ele disse estar “frustrado” com as “discussões infindáveis” no Congresso sobre a Lei da Copa, que os críticos dizem conceder muitos poderes e poucas responsabilidades à Fifa.
O texto-base do projeto já foi aprovado, mas os parlamentares ainda precisam votar na terça-feira 6, dez destaques ao relatório do deputado Vicente Cândido (PT-SP) antes enviar o texto para o plenário da Câmara e para o Senado.
Entre os assuntos a serem tratados está a venda de bebidas alcoólicas nos estádios durante as partidas. Três dos dez destaques pedem que seja retirada a permissão.
De acordo com o secretário-geral, não há um “plano B” para a Copa do Mundo de 2014. O evento acontecerá no Brasil, mas os torcedores podem sofrer. “[O Brasil] não tem hotéis suficientes em todos os lugares. Há mais do que o suficiente em São Paulo e no Rio de Janeiro, mas, se você pensa em Manaus, é preciso ter mais”.
Valcke opinou também sobre Salvador e afirmou que a cidade está pouco preparada para receber muitos torcedores. “A cidade é boa, mas [os trajetos] para ir ao estádio e toda a organização de transporte precisam melhorar.”
O anúncio de que cada uma das 12 cidades-sede do Brasil receberá pelo menos quatro jogos causou preocupações sobre viagens aéreas dentro do país, por causa da infraestrutura aeroportuária.
“Tomamos a decisão de mover os times [de uma cidade para outra] e fomos criticados, porque se você torce para um time você terá que voar 8 mil quilômetros [para acompanhá-lo]. Fizemos isso a pedido do Brasil para garantir que todas partes do país vejam a Inglaterra, por exemplo, caso o time se classifique.”
“Mas, tendo apoiado essa decisão, temos que garantir que os torcedores e a mídia – não os times, porque eles têm seus próprios aviões – conseguirão seguir as equipes”, concluiu.
Com informações de Agência Brasil e AFP.
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