Política

Candidatos do PT enfrentam resistências e federação pode rachar em Aracaju e João Pessoa

O PV e o PCdoB questionam a viabilidade dos nomes petistas e recorreram à comissão nacional da Federação Brasil da Esperança para arbitrar as divergências

Discussões sobre candidaturas em Aracaju e João Pessoa racham federação entre PT, PCdoB e PV. Na montagem, os pré-candidatos à prefeitura da capital sergipana Candisse Carvalho (PT) e Valadares Filho (ele é do Solidariedade, mas conta com apoio do PV e do PCdoB); e à prefeitura da capital paraíbana, Luciano Cartaxo (PT) e Cícero Lucena (apesar de disputar a reeleição pelo PP, tem apoio de PV e PCdoB) - Montagem/Janaína Santos/PT Sergipe/ Câmara dos Deputados/ Redes sociais/ Assembleia Legislativa da Paraíba
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Às vésperas das eleições municipais, as discussões sobre ao menos duas candidaturas do PT em capitais do Nordeste ainda são marcadas por disputas internas e têm exposto fraturas na Federação Brasil da Esperança, da qual também fazem parte PV e PCdoB.

Os dois partidos questionam a viabilidade dos nomes petistas para a disputa em Aracaju (SE) e João Pessoa (PB), e recorreram à comissão nacional da Federação com objetivo de arbitrar as divergências.

Ainda não há previsão de quando o colegiado deve se reunir para deliberar sobre o assunto. Caso a cúpula da federação mantenha os nomes indicados pelo PT, as legendas admitem em conversas internas conceder uma espécie de “salvo-conduto” para filiados que desejam apoiar outros candidatos.

Na capital de Sergipe, o PT indicou a jornalista Candisse Carvalho para disputar a sucessão do prefeito Edvaldo Nogueira (PDT). As discussões sobre uma candidatura própria foram marcadas por dilemas internos e acabou por ampliar o racha entre duas tendências petistas, como mostrou CartaCapital.

Esposa do senador Rogério Carvalho, a ex-repórter da TV Globo teve o nome referendado por todas as instâncias partidárias e oficializou sua pré-candidatura em evento realizado no início de junho – o ato contou com a presença do senador Jaques Wagner, enviado por Lula e pela presidência do PT como uma demonstração de apoio.

PCdoB e PV, contudo, afirmam não haver consenso em torno da pré-candidatura petista e avaliam ser necessário ampliar a aliança com outras siglas de centro-esquerda.

Inicialmente, cogitou-se apoiar Luiz Roberto, pré-candidato do PDT e aliado do atual prefeito, mas as conversas não avançaram.

Hoje, as legendas defendem apoio a Valadares Filho (Solidariedade), ex-deputado federal lotado em uma assessoria do Palácio do Planalto atualmente.

Filho de um cacique da política sergipana, o ex-senador Antonio Carlos Valadares, o ex-deputado resistia em disputar as eleições deste ano, sobretudo em razão de três derrotas seguidas nas urnas – ele foi candidato a governador em 2018, a vice-prefeito em 2020 e a senador, em 2022. A entrada no páreo aconteceu após convite do presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP).

Dirigentes petistas afirmam serem ínfimas as chances de abrir mão da candidatura própria para apoiar Valadares Filho. Para justificar a resistência, citam a aproximação com o governo Fábio Mitidieri (PSD), o voto favorável ao impeachment de Dilma Rousseff, além da associação a Jair Bolsonaro na campanha de 2018.

Os dilemas são semelhantes em João Pessoa, onde as divergências entre as siglas da Federação envolvem a possibilidade de ter candidatura do próprio campo político ou ampliar a aliança com partidos que integram a base de sustentação ao governo Lula.

Enquanto o PT se encaminha para oficializar o deputado estadual Luciano Cartaxo na disputa, dirigentes do PCdoB e do PV defendem apoio à reeleição de Cícero Lucena (PP). Os dois partidos apoiaram o prefeito na disputa pela prefeitura em 2020 e hoje ocupam postos importantes na administração municipal.

Presidente do PV paraibano, Sargento Denis avalia que uma candidatura petista tende a rachar a oposição ao bolsonarismo na capital paraibana, representado pelo ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga, pré-candidato do PL à prefeitura.

“Não estamos contra o PT nem contra ninguém. Queremos trabalhar com a melhor estratégia para evitar o fortalecimento da extrema-direita em nosso estado e fortalecer o campo da esquerda. Nossa preocupação é muito mais com as eleições de 2026, quando o presidente Lula precisará de alianças consolidadas”, afirmou.

Instituídas em 2022, as federações partidárias permitem que partidos se unam na disputa por qualquer cargo, desde que permaneçam assim por todo o mandato conquistado. Esse mecanismo vale para eleições majoritárias e proporcionais.

A principal diferença entre esse modelo e as coligações (extintas para as eleições de deputados e vereadores em 2017), portanto, é o seu caráter permanente. No segundo caso, as alianças valem apenas até a eleição e podem ser desfeitas logo em seguida.

Hoje, existem outras duas federações no Brasil: PSDB-Cidadania e PSOL-Rede. Diversas legendas têm discutido uma união deste tipo após as eleições municipais, de olho na disputa pela presidência da República em 2026.

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