O ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), disse considerar que as investigações sobre o assassinato da vereadora fluminense Marielle Franco (PSOL) avançaram desde a entrada da Polícia Federal no caso, mas afirmou ser “impossível” prever quando o resultado da apuração será apresentado à sociedade.
“Eu não posso afirmar porque legalmente não existe [prazo para encerrar a investigação], porque é uma investigação complexa”, pontuou Dino, em entrevista coletiva nesta terça-feira 22. “Então, há algo hoje meio lotérico, e eu compreendo, como se fosse uma espécie de Mega da Virada, muita gente cravando informações.”
O ministro evitou comentar a delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos contra a vereadora. Para Dino, a colaboração só existirá após ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça.
“Antes, a Polícia Federal já havia obtido outra delação (a do policial aposentado Élcio de Queiroz). Com isso, é natural que existam novos atos de investigação. Os desdobramentos dos atos daquela delação podem levar a outras delações”, declarou. “Mas só há delação quando há homologação. O que posso garantir é que há vontade de elucidação do caso.”
Em nota, a PF afirmou que até o momento, ocorreu uma única delação na apuração do caso, devidamente homologada pelo Poder Judiciário.
Ainda conforme o órgão, as investigações seguem em sigilo, sem data prevista para seu encerramento.
De acordo com o site The Intercept Brasil, Lessa teria implicado o ex-deputado estadual Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, como um dos mandantes do assassinato de Marielle.
O nome de Brazão apareceu pela primeira vez no caso em 2019, por suspeitas de obstrução das investigações, e voltou à tona no fim do ano passado, em meio à delação premiada de Élcio Queiroz, motorista que dirigiu o carro para Ronnie Lessa durante o crime.
Dino participou da primeira reunião com seu sucessor, Ricardo Lewandowski, para discutir a transição na pasta. Antes do encontro, o pessebista desejou sorte ao ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal e brincou ao realizar uma espécie de “passagem simbólica” do cargo, com a entrega de um broche.
Aos jornalistas, Lewandowski prometeu seguir com o trabalho iniciado pela gestão de Dino e reiterou que a pasta focará em “respostas à sociedade no que diz respeito à segurança pública”.
Questionado após a agenda, Dino disse ter apresentado toda a equipe atual, mas afirmou não ter feito qualquer pedido ou indicação de nome para a formação do ministério. A situação do secretário-executivo Ricardo Cappelli, acrescentou, “não foi um assunto tratado na reunião”.
Aos poucos, o futuro ministro monta sua equipe. Lewandowski convidou, por exemplo, o procurador Mário Luiz Sarrubbo para assumir a Secretaria Nacional de Segurança Pública. Para a secretaria-executiva, ele escolheu o advogado baiano Manoel Carlos de Almeida Neto.
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