Política

CGU e PF abrem investigações sobre o leilão do arroz a pedido da Conab

A Companhia Nacional de Abastecimento também instaurou uma apuração interna

Comida servida em restaurante em Brasília - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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A Controladoria-Geral da União e a Polícia Federal abriram investigações sobre possíveis irregularidades no leilão do governo federal para a importação de arroz. Nos dois casos, a decisão resultou de um pedido da Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab, responsável pela realização do processo.

A Conab também instaurou uma apuração interna, a ser conduzida por sua Corregedoria.

“Essas medidas demonstram um esforço conjunto entre as instituições para garantir a transparência e a correção dos processos envolvidos na importação do arroz”, afirmou a CGU. A investigação da PF tramitará sob sigilo.

Na terça 11, o governo decidiu anular o certame e cancelar a compra das 263,3 mil toneladas do produto.

Segundo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, a gestão federal avalia haver no conjunto das empresas vencedoras uma maioria com “fragilidades”. Ele mencionou companhias que “não têm capacidade financeira de operar um volume financeiro desse tamanho”.

Já o presidente da Conab, Edegar Pretto, afirmou que o objetivo é realizar um novo leilão, em outro modelo, a fim de garantir a contratação de empresas com capacidade técnica e financeira.

No leilão anulado, o preço médio de cada saco de arroz de cinco quilos foi de aproximadamente 25 reais. Participaram do certame e arremataram lotes empresas sem histórico de participação no mercado de cereais.

O governo Lula decidiu importar arroz em decorrência das enchentes no Rio Grande do Sul, estado responsável por 70% da produção nacional do grão.

Outro impacto concreto dos problemas do leilão é a saída de Neri Geller da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura. A demissão consta da edição desta quarta do Diário Oficial da União.

Inicialmente, Fávaro anunciou na terça-feira que Geller havia pedido demissão. Horas depois, no entanto, o agora ex-secretário afirmouCartaCapital não ter solicitado a saída do cargo.

A demissão ocorreu devido a uma suspeita de conflito de interesse. O diretor de Abastecimento da Conab, Thiago dos Santos, é uma indicação de Geller. Além disso, a Foco Corretora de Grãos, uma das principais corretoras do leilão, é do empresário Robson Almeida de França, que foi assessor parlamentar de Geller na Câmara e sócio de Marcello Geller, filho do secretário. O ex-secretário nega qualquer irregularidade.

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