Política
Chefe da Secom rebate acusação de receber dinheiro de empresas de comunicação
Reportagem do jornal ‘Folha de S. Paulo’ relatou conflito de interesses em atuação de Fábio Wajngarten
O chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Fábio Wajngarten, rebateu informações de que teria recebido dinheiro de emissoras de TV e de agências de publicidade contratadas pelo próprio órgão.
As transações financeiras foram reveladas pelo jornal Folha de S. Paulo e teriam ocorrido por meio de uma empresa da qual Wajngarten é sócio, a FW Comunicação. A relação configuraria conflito de interesses.
Durante pronunciamento em Brasília, o chefe da Secom disse que a matéria do jornal é “fantasiosa”. Ele afirma que se desvinculou da gestão da empresa antes de assumir o cargo.
“É realmente um absurdo esse tipo de matéria. Eu não estou aqui para fazer negócios, estou aqui para transformar a comunicação da Presidência da República, com a maior ética possível, com a maior transparência possível, com a maior modernidade possível”, afirmou.
Mais cedo, a Secom emitiu nota em que acusa o veículo de “má fé” e “mau jornalismo” e afirma que as informações divulgadas são “mentira absurda” e “ilação leviana”.
O setor é responsável pela distribuição da verba de propaganda do Palácio do Planalto e determina as regras para as contas dos demais órgãos federais. Segundo o jornal, a FW, empresa da qual Wajngarten é sócio, tem contratos com ao menos cinco empresas que recebem verba do governo, entre elas as emissoras Band e Record.
Em 2019, diz o veículo, a Band pagou 9.046 reais por mês, o equivalente a 109 mil reais por ano, à empresa de Wajngarten. De acordo com a emissora, o contrato com a FW ocorre desde 2004.
Em contrapartida, relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) reportado pelo jornal aponta crescimento na destinação de verbas governamentais para as emissoras Record e SBT, em detrimento da emissora Globo. No documento, também constariam ações de merchandising para programas dos apresentadores Datena (Band) e Ratinho (SBT).
A Secom acusa o veículo de investir “de maneira desatinada e irresponsável contra o governo Bolsonaro, desta vez tentando apontar irregularidades” no órgão. Segundo nota, Wajngarten se afastou da gestão da empresa, nomeou um administrador, e os contratos mantidos com veículos de comunicação ocorreram muito antes de ele assumir o posto.
“A lei determina que ao ocupante de cargo público basta se afastar da administração, da gestão da empresa em que é acionista para poder exercer a função para qual foi nomeado”, justifica.
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