Política
Citado em delação de Cid, almirante se recusou a passar comando da Marinha na presença de Lula
Almir Garnier teria colocado a “tropa à disposição” quando Bolsonaro o consultou sobre minuta golpista
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Em depoimento à Polícia Federal, o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que Jair Bolsonaro recebeu das mãos do assessor Filipe Martins, logo após a derrota nas urnas, uma minuta de decreto para convocar novas eleições e prender adversários políticos. Antes de agir, o ex-capitão teria se consultado com os chefes das Forças Armadas para saber se eles topariam embarcar na aventura golpista. Segundo o delator, somente o almirante Almir Garnier, comandante da Marinha, se entusiasmou com a ideia.
O episódio não espanta quem acompanha atentamente as movimentações nas casernas. Em janeiro deste ano, Garnier protagonizou um verdadeiro papelão ao se recusar a participar da cerimônia de troca de comando da Marinha para o almirante Marcos Sampaio Olsen, escolhido por Lula – feito inédito desde o fim da ditadura. Não se tratava, convém ressaltar, de uma rusga entre os oficiais. Bolsonarista até a medula, Garnier só não queria ter de bater continência ao novo presidente durante o evento.
Garnier também foi o único comandante que não se reuniu com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, no período de transição de governo. Agora sabemos o motivo: estava ocupado demais tramando um golpe de Estado. Quando Bolsonaro o procurou, o almirante não hesitou em responder: “Tropas à disposição”. O relato é de Mauro Cid, que presenciou o encontro, e foi revelado em primeira mão pelo portal UOL.
Em 13 de dezembro, um dia após radicais bolsonaristas incendiarem cinco ônibus e promoverem um quebra-quebra na capital federal, o ex-presidente chegou a enviar uma nota para os fuzileiros navais, dizendo que eles “lutaram e sempre lutarão para impedir qualquer iniciativa arbitrária que possam vir a solapar o interesse do nosso País”. O texto com a mensagem cifrada foi lido por um locutor durante um evento do Grupamento de Fuzileiros Navais em Brasília. Pouco antes, Garnier havia dito que Bolsonaro podia contar “com a minha, com a sua, com a nossa Marinha”.
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