CNJ prorroga investigação em tribunais da Lava Jato e apura indícios de gastos de R$ 1 bilhão sem lastro

O dinheiro sob suspeição seria proveniente da apreensão de bens e de acordos de leniência

Foto: Divulgação/TRF-4

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O Conselho Nacional de Justiça decidiu estender o prazo para concluir a correição extraordinária realizada na 13ª Vara Federal de Curitiba e no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, responsáveis pela Lava Jato na primeira e na segunda instâncias, respectivamente.

A Corregedoria do órgão ainda não definiu a nova data para encerrar o procedimento. Um dos principais pontos em análise no momento é o destino de cerca de 1 bilhão de reais sem lastro em gastos ligados à operação. O montante foi revelado pelo jornal Folha de S.Paulo.

O dinheiro sob suspeição seria proveniente da apreensão de bens e de acordos de leniência. Também estaria na mira do CNJ a destinação indevida de recursos para o Ministério Público e o próprio Judiciário.

Inicialmente, a correição liderada pelo corregedor Luís Felipe Salomão mirava 300 milhões de reais em depósitos judiciais feitos por empresas e réus investigados pela operação.

Em depoimento sigiloso ao CNJ, o juiz Eduardo Appio, afastado da 13ª Vara pelo TRF-4, afirmou que estava investigando o destino de 3,1 bilhões de reais obtidos em acordos de colaboração no âmbito da Lava Jato.

Ele teria, ainda, apresentado suspeitas sobre falta de critério na distribuição da maior fatia das verbas, o que demandaria uma investigação mais profunda.


Appio foi retirado do comando dos processo da Lava Jato em maio pelo Conselho do TRF-4. A decisão atendeu a uma representação do desembargador federal Marcelo Malucelli, que afirmou que seu filho, João Eduardo Barreto Malucelli, recebeu uma ligação telefônica com “ameaças”. O TRF-4 teria indícios de que Appio seria o responsável pelo telefonema.

Os advogados de defesa protocolaram, então, um laudo pericial conduzido por Pablo Arantes, professor-adjunto do Laboratório de Fonética do Departamento de Letras na Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo. Segundo ele, não há indícios suficientes para sustentar que seja de Appio a voz registrada no telefonema.

Procurado por CartaCapital, o CNJ informou que não se pronunciará sobre a apuração em curso, uma vez que a correição está sob segredo de Justiça.

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