Política
Comandante poderia querer um golpe, mas a Marinha não queria, diz Múcio
O ministro da Defesa classificou de ‘questões isoladas’ eventuais conspirações de ex-comandantes em prol de uma ruptura
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O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, classificou de “questões isoladas” eventuais condutas de ex-comandantes das Forças Armadas em defesa de um golpe para evitar a posse de Lula em 2022.
O tema voltou a ganhar tração com a notícia de que a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid envolve militares em uma tentativa de ruptura ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro.
À Polícia Federal, Cid confirmou que o então presidente da República se reuniu com representantes do Alto Comando das Forças Armadas para discutir detalhes de uma minuta golpista que inviabilizaria a posse de Lula. A informação foi revelada pelo UOL.
Segundo a delação de Cid, apenas o almirante Almir Garnier Santos, então comandante da Marinha, teria apoiado a ideia de golpe. O então chefe do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, afirmou por sua vez que não embarcaria no plano, segundo o tenente-coronel.
“Eu acho que essa questão dos golpes eram questões isoladas. Podia o Garnier querer, mas a Marinha não queria”, disse Múcio à revista Veja nesta sexta-feira 22. “O Freire Gomes eu não sei se queria, não senti nenhuma tendência disso, nem do Batista Jr [então comandante da Aeronáutica]. Eles podem ter participado de reuniões porque o presidente da República os convocava.”
Reação
Na quinta-feira 21, os deputados Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e Glauber Braga (PSOL-RJ) pediram uma audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara com Garnier Santos.
“As informações agora divulgadas são gravíssimas. É inadmissível que o comandante de uma das Forças Armadas participe de uma reunião onde estejam sendo discutidos planos para um golpe de Estado e ainda mais grave que se disponha a encampar tal ideia”, diz o requerimento.
Além disso, a base de apoio ao governo Lula na CPMI do 8 de Janeiro espera votar na próxima terça-feira 26 um requerimento para convidar ou convocar Jair Bolsonaro e o ex-comandante da Marinha. A decisão, porém, cabe ao presidente do colegiado, deputado Arthur Maia (União-BA).
“Consideramos que o almirante Almir Garnier Santos tem a contribuir com as investigações dessa CPMI, especialmente sobre as intenções golpistas do ex-presidente Jair Bolsonaro”, defendeu a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
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