Comissão de Ética abre processo contra envolvidos no caso das joias de Bolsonaro

A apuração deve mirar a atuação de ex-integrantes do governo na pressão para reaver os itens luxuosos apreendidos em 2021

As joias que o clã Bolsonaro recebeu do regime saudita. Foto: Reprodução/Redes Sociais

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A Comissão de Ética Pública da Presidência da República instaurou um processo para apurar a conduta de três integrantes da gestão Jair Bolsonaro no caso das joias sauditas. Estão na mira do órgão:

  • Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia;
  • Júlio César Vieira Gomes, ex-secretário da Receita Federal;
  • e Marcelo da Silva Vieira, ex-chefe adjunto do gabinete de documentação histórica.

O caso está sob a relatoria do presidente da comissão, Edson Leonardo Dalescio Sá Teles. Agora, o colegiado abrirá um prazo para os investigados se manifestarem.

A apuração deve mirar a atuação dos ex-integrantes do governo na pressão exercida para reaver os itens luxuosos apreendidos pela Receita em outubro de 2021 no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. As joias estavam escondidas na mochila de um assessor de Albuquerque e seriam destinadas à então primeira-dama Michelle Bolsonaro.

O conjunto – a incluir colar, anel, relógio e brincos de diamantes – foi apreendido devido a um entrave jurídico, pois não havia registro de que se tratava de um presente do governo da Arábia Saudita ao Estado brasileiro.

Um dos pacotes entrou no Brasil sem ser declarado pela comitiva ou notado pelos agentes da Receita na alfândega do aeroporto.

Depois da apreensão do primeiro pacote, Bolsonaro mobilizou a máquina pública para tentar reaver os itens de luxo. A empreitada foi levada adiante por Mauro Cid, então ajudante de ordens do ex-capitão.


Em outras oportunidades, Cid ainda procurou Vieira Gomes, então chefe da Receita, para assinar um ofício que solicitava a liberação das joias. As investigações também apontam que Bolsonaro e Cid teriam telefonado para Marcelo da Silva Vieira com o objetivo de convencê-lo sobre a liberação do conjunto.

À época, Silva Vieira chefiava o Gabinete Adjunto de Documentação Histórica. Sua função era justamente revisar os itens que poderiam integrar o acervo do presidente ou deveriam ser encaminhados para a União.

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