Política

‘Contraditório seria eu ter um vice do PT’, diz Lula sobre chapa com Alckmin

Segundo o ex-presidente, o mesmo argumento serve para justificar a aproximação com qualquer outro partido, do PSD ao PSOL

Foto: Divulgação Lula/Ricardo Stuckert
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O ex-presidente Lula (PT) foi questionado nesta quinta-feira 24 se a possível aliança com o ex-governador Geraldo Alckmin, agora filiado ao PSB, não seria uma contradição da sua parte, já que os dois foram adversários históricos em eleições anteriores. O petista respondeu que não, pois a chapa seria uma soma de forças para reconstruir o País destruído pelo presidente Jair Bolsonaro. Para Lula, a única contradição da sua parte seria, neste momento, construir uma chapa pura do PT.

“Contraditório seria eu ter um vice do PT, porque seria uma soma zero, seria nós com nós, o que não acrescentaria em nada na expectativa eleitoral da sociedade brasileira”, declarou em entrevista à rádio Super Notícia, de Belo Horizonte (MG).

O mesmo argumento foi usado mais adiante para justificar as conversas que mantém com os demais partidos, do PSD ao PSOL.

“Nós temos consciência de que é preciso recuperar o Brasil, que está destruído. [Não fazer uma ‘soma zero’ para construir um projeto] é a justificativa para minha junção com o Alckmin e com outros partidos, como o PSB, o PSOL, o PV, o Solidariedade…e para a tentativa de fazermos isso com o PSD”, explicou o petista.

O ex-presidente voltou ainda a minimizar a polarização desenhada entre ele e Bolsonaro na disputa eleitoral deste ano. Segundo defendeu, esse fator sempre existiu, a diferença agora é apenas o perfil do atual adversário.

“Essa palavra polarização eu não sei quem foi o gênio que inventou que ela é ruim, pois existe em qualquer disputa entre duas pessoas”, disse. “Com o PSDB houve uma polarização, mas uma polarização digna, decente, que não tinha ódio e nem fake news. Agora, temos uma polarização com um cidadão que conta oito mentiras por dia, que não gosta de educação, não gosta de negros, não gosta de mulheres”, acrescentou em seguida.

Questionado se considera Bolsonaro um adversário ‘mais fácil’ de ser derrotado, como afirmou no início desta semana em outra entrevista, Lula não repetiu a avaliação, alegando não escolher com quem disputa a vaga.

“Eu não escolho adversário. O presidente hoje tem uma força política considerável e está mantendo essa força política”, respondeu. “Então se essa polarização persistir e chegar em outubro, eu tenho certeza que a população vai dar um golpe no fascismo e restabelecer a democracia”, completou.

Ainda sobre as eleições deste ano, Lula reconheceu que no seu staff há membros preocupados com a sua segurança, mas que, da sua parte, não existe qualquer receio em fazer a campanha nas ruas, como sempre fez.

“A eleição pode ser perigosa porque o candidato adversário é anormal. O conceito dele de democracia é muito confuso. […] Mas eu estou com a mesma disposição que tive nas outras eleições. Vou fazer campanha de rua, abraçar as pessoas e, se Deus quiser, vou ganhar as eleições. Então, eu não estou com essa preocupação, mas sei que tem gente preocupada”, explicou.

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