Política

Damares minimiza coronavírus em pessoas em situação de rua: “Ninguém pega na mão”

A ministra não apresentou dados, mas disse que os ‘moradores de rua’ são ‘prioridade’ do governo

Foto: Júlio Nascimento/PR Foto: Júlio Nascimento/PR
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A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, afirmou em uma coletiva de imprensa do governo federal que, apesar de não ter os dados corretos sobre quantas pessoas em situação de rua foram contaminadas com o coronavírus, acredita não serem muitos, já que “ninguém pega na mão deles, ninguém abraça morador de rua”.

A declaração foi feita em meio a uma apresentação de medidas da pasta de Damares, que não é personagem recorrente das atualizações do governo sobre a pandemia. Nesta quinta-feira 07, a ministra não apresentou dados consolidados de quantas pessoas deste recorte foram impactadas pelo vírus, mas teceu sua avaliação:

“São muitos? Não. E por que não são muitos ainda? Ninguém pega na mão deles, ninguém abraça morador de rua. Tá aí. Infelizmente.”, disse a ministra.

Damares Alves afirmou que os “moradores de rua” são “prioridade” de sua gestão, apesar de não terem sido apresentados como eixo principal no primeiro ano de gestão. Sobre isso, Damares se justifica dizendo que a pandemia atrapalhou a agenda que o governo lançaria mirando as políticas públicas para essa parcela da população.

“Muitas pessoas estão, com certeza, encontrando na rua o seu lar. E o que fazer? A gente tem dito que a pandemia tem nos levado a rever algumas políticas públicas do Brasil… estamos tendo a oportunidade de apresentar para o Brasil o que já estava sendo escrito, que seria apresentado em fevereiro, com o Ministério da Cidadania”, respondeu.

Há poucas informações sobre quantas pessoas em situação de rua foram atingidas pelo vírus. Em São Paulo, local mais atingido pela epidemia no Brasil, segundo os únicos dados liberados até o momento pelo governo, 22 pessoas desse grupo já faleceram em decorrência da covid-19.

Movimentos sociais se preocupam com o contágio em albergues e abrigos, que geralmente registram aglomerações de pessoas, principalmente com a chegada do inverno. Na capital, o padre Julio Lancelotti, voz constante na luta pelo direito das pessoas sem-teto do centro da cidade, questiona as ações da Prefeitura sobre o assunto: “Frio e garoa em São Paulo e a Prefeitura estuda ainda como acolher os irmãos de rua”, escreveu, nesta quinta, o padre nas redes sociais. 

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