Política

Depoimento de diretor da OAS corrobora recuo de Leo Pinheiro em acusações contra Lula

Augusto Cesar Uzeda negou que petista tenha participado de qualquer reunião para influenciar politicamente decisões em favor da empreiteira

O ex-presidente Lula. Foto: Fabrice COFFRINI/AFP
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O depoimento de um diretor da empreiteira OAS corrobora o recuo de Léo Pinheiro, delator do caso no âmbito da Lava Jato, em carta que motivou o arquivamento do inquérito contra o ex-presidente Lula na última semana.

Segundo informações da colunista Bela Megale, d’O Globo Augusto Cesar Uzeda — apontado por Pinheiro como testemunha das acusações retratadas posteriormente —  também negou que Lula tenha participado de qualquer reunião para influenciar politicamente decisões em favor da empreiteira.

No depoimento, também registrado por escrito, o diretor afirma que nunca presenciou um pedido de Lula ao Banco Centro Americano de Integração Econômica (BCIE) durante um evento da OAS realizado em 2011 na Costa Rica. O diretor era apontado como testemunha de uma reunião secreta na suíte do petista durante o evento. Segundo ele, o encontro nunca aconteceu e todas as agendas de Lula que presenciou ocorreram em “em local público com centenas de pessoas”.

No texto de Uzeda, segundo a reportagem, constam ainda as indicações de que a empresa passou a ter prejuízo na Costa Rica meses após o encontro, o que também afastou as suspeitas de tráfico de influência do ex-presidente. A obra, apontada no inquérito arquivado, foi inclusive descontinuada meses após o encontro.

As declarações reforçam o recuo nas acusações de que o ex-presidente Lula teria agido para beneficiar a empresa internacionalmente. “Não tenho conhecimento de qualquer vantagem indevida solicitada pelas pessoas mencionadas neste inquérito, tampouco de qualquer ato das autoridades locais que pudesse ter beneficiado ilegalmente a Construtora”, diz Uzeda, corroborando com o recuo de Pinheiro registrado em carta.

O depoimento de Uzeda confirma os fatos que embasaram o fim do inquérito contra Lula. A decisão partiu da juíza federal Maria Carolina Ayoub, da 9ª Vara Federal de São Paulo. Ela indicou a ausência de justa causa para prosseguimento das investigações e o fim do prazo prescricional da pretensão punitiva.

Em nota divulgada após o arquivamento da investigação, a defesa do petista afirma que o procedimento instaurado “com base em acusações infundadas confirma que o ex-presidente foi vítima de lawfare, como sempre afirmamos. Revela, ainda, que a ‘lava lato’ colocou em xeque o Estado de Direito ao realizar delações premiadas sabidamente descabidas com o nítido objetivo de atingir e aniquilar alvos pré-definidos”.

Os advogados dizem, ainda, que “da avalanche de processos abertos contra Lula permanece em aberto apenas um deles – relativo ao Caso dos Caças –, no qual já apresentamos pedido de arquivamento após termos demonstrado que ele foi construído pela ‘lava jato’ com a plena ciência de que o ex-presidente não havia praticado qualquer ato ilegal”.

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