Política

‘Desigualdade mais grave é mulher ser tratada como objeto de cama e mesa em pleno século XXI’, diz Lula em Angola

Em discurso na condecoração concedida pelo país africano, Lula ressaltou a necessidade de um movimento global contra as desigualdades

Lula na Angola. Foto: Ricardo Stuckert/PR
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O presidente Lula fez uma alerta, nesta sexta-feira 25, para a criação de uma ‘Campanha Mundial contra as Desigualdades’. O destaque aconteceu durante a viagem a Angola, quando recebeu a medalha Agostinho Neto, a mais alta distinção do País concedida a uma figura estrangeira.

“Espero que com essa honraria e essa medalha no peito, quem sabe alimentado pela inteligência e pensamento revolucionário do Agostinho Neto, eu possa conseguir o intento de conseguir convencer a humanidade a se indignar com a desigualdade”, disse Lula. “Estou assumindo o compromisso de tentar fazer uma campanha mundial contra a desigualdade”.

No país africano, o presidente também teve encontro com empresariado local, ao qual foi discutido parceria entre os países. Além da África do Sul, Angola é o único país africano com o qual o Brasil mantém acordos comerciais estratégicos. 

O petista deu destaque às desigualdades contra mulher e a insegurança alimentar — em que criticou a concentração de renda — e reforçou que a fome alcança ao menos 10 milhões de brasileiros, a maioria mulheres chefes de família. 

Para ele, a resolução do problema passa, em grande parte, pela ascensão das mulheres nos postos de comando políticos-institucionais. “Quem sabe um dia, se a gente conseguir isso, a gente acaba com a desigualdade mais grave que é a mulher ser tratada como objeto de cama e mesa ainda em pleno século XXI”, afirmou. “É preciso que os homens amadureçam, porque a desigualdade é uma doença”.

O estudo do IBGE desta sexta-feira, também mostrou este cenário. Apesar da redução da pobreza em 21,% de 2009 a 2018, a maior mudança aconteceu com população de pele branca, do que entre os pardos e pretos. O que significou o reforço das diferenças estruturais no acesso à qualidade de vida. 

Em relação à participação política, também há avanço, mas a passos lentos se comparado à expansão masculina nos comandos — que representa 85% do todo.

Na ocasião, Lula também concedeu ao presidente angolano João Manuel Lourenço, a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta honraria brasileira.

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