Dino a Bolsonaro: “Pare de brigar com governadores. Brigue contra o coronavírus”

Dino e outros governadores expressam incômodo com falta de liderança do governo federal

O governador do Maranhão, Flávio Dino

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As recentes trocas de farpas entre governadores do País e o presidente Jair Bolsonaro por conta do coronavírus têm aumentado conforme o coronavírus se alastra. Os poderes estaduais têm assumido a dianteira da crise, mas, segundo Bolsonaro, essas são formas de politicagem. Em resposta, governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), negou que o momento seja de disputa política e afirmou que a hora é de “brigar contra o coronavírus” em uma entrevista coletiva neste sábado 22.

“Não queremos fazer disputa política nesse momento, porque nós temos responsabilidade. Não é hora de brigar com a China, nem com governadores, é hora de brigar contra o vírus, contra a pandemia. Essa é uma atitude patriótica, séria. Ainda há tempo, mas é dever dele e só dele.”, criticou Dino.

O governador mencionou também a recente crise diplomática entre Brasil e China depois que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, afirmou que o país era o culpado pela pandemia do coronavírus.

Para Dino, os governadores estão esperando uma “coordenação nacional” que possa acrescentar, em nível estadual, medidas de combate contra o vírus. No Maranhão, já são dois casos confirmados.

Todos os estados já têm casos confirmados

De acordo com as últimas atualizações vindas das secretarias estaduais de saúde, todos os estados já registraram casos confirmados da Covid-19. A região mais afetada é o Sudeste, que concentra casos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os governadores João Doria (PSDB) e Wilson Witzel (PSC) já foram criticados por Bolsonaro por adotarem medidas de contenção da população, como a quarentena obrigatória de 15 dias em SP, que inclui o fechamento do comércio.

Eles, no entanto, não foram os únicos a manifestarem incômodo com o tratamento dado pelo governo federal à crise, especialmente no tocante às orientações de Bolsonaro. O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), afirmou que não pediria “licença” para agir no estado e criticou a ausência do presidente em uma teleconferência marcada com os governadores.

“Nós não temos nada contra o governo federal, nós não queremos agir contra o governo federal. Agora, nós não vamos ficar esperando o governo federal agir, nós vamos fazer o que cabe ao governo do estado e não vamos pedir licença para presidente, para ministro nem, para ninguém para proteger os paraenses. […] A sociedade não pode ficar à mercê da falta de informação e da falta de procedimento de seus líderes”, disse o governador em uma entrevista coletiva no sábado 21.

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