O ministro de Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, enviou um ofício ao governo do Distrito Federal com um alerta sobre a possibilidade de manifestações bolsonaristas durante o 7 de Setembro. O documento, encaminhado à Secretaria de Segurança Pública, contém vídeos que indicam a organização de atos para o feriado da Independência.
Após o comunicado, a governadora em exercício Celina Leão (PP) determinou a criação de um Gabinete de Mobilização Institucional para organizar o esquema de segurança na Praça dos Três Poderes.
Na composição do órgão estão representantes do Ministério da Justiça, da Polícia Federal e da Agência Brasileira de Inteligência. Também devem participar integrantes do Gabinete de Segurança Institucional, da Ordem dos Advogados do Brasil, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal.
A primeira reunião do gabinete está prevista para a manhã da próxima segunda-feira. A criação do grupo foi oficializada em edição extra do Diário Oficial do DF nesta quinta-feira 31.
O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, escolhido para comandar a Segurança Pública na capital federal após os atos golpistas de 8 de Janeiro, representará a pasta chefiada por Dino.
As comemorações da Independência do Brasil têm sido planejadas pelo Palácio do Planalto desde o início do governo Lula (PT), com objetivo de afastar o processo de politização da data. Os atos acontecerão oito meses após a invasão bolsonarista aos prédios dos Três Poderes e em meio ao cerco judicial sobre a atuação de militares na intentona golpista.
De acordo com o governo, o evento precisa transmitir uma mensagem institucional – por isso, o slogan escolhido é “democracia, soberania e união”.
Como nos dois mandatos anteriores, Lula pretende fazer um pronunciamento na noite de 6 de setembro, véspera dos desfiles militares da Independência. O petista participará da cerimônia oficial ao lado de outras autoridades, mas não deve discursar.
O desfile deve durar duas horas e terá, entre outras atrações, a passagem das tropas da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, além do show da Esquadrilha da Fumaça, da Força Aérea Brasileira.
São aguardados 200 convidados na tribuna de honra, entre ministros, chefes de Poderes e representantes das Forças Armadas. O governo espera um público de cerca de 30 mil pessoas na capital federal.
Nos últimos anos, o 7 de Setembro foi utilizado como palanque para Jair Bolsonaro (PL).
Em 2021, ele chamou de “canalha” o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e afirmou que o comando da Corte deveria enquadrá-lo, sob o risco de “esse Poder sofrer aquilo que não queremos”.
No ano passado, Bicentenário da Independência, Bolsonaro foi formalmente acusado de usar o evento para “promoção abusiva e ilícita” de sua candidatura à Presidência. O caso está sob investigação no Tribunal Superior Eleitoral.
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