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Duelo ao sol

Lula reclama de enfrentar sozinho Roberto Campos Neto, presidente do BC

Campos Neto não tem se mostrado tão “independente”, vide sua presença em grupo de WhatsApp de ex-ministros de Bolsonaro, conforme as imagens capturadas no celular de Ciro Nogueira. Lula está convencido de que o dirigente do BC joga contra o governo - Imagem: Edu Andrade/ME, Marcelo Camargo/ABR e Gabriela Biló/Folhapress
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Lula foi na segunda-feira 6 ao Rio de Janeiro, terra do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para compromissos oficiais e, na volta a Brasília, queixou-se no voo de que não podia brigar sozinho com a instituição. Os aliados políticos, entre eles algumas testemunhas da queixa, precisavam apoiá-lo. Mais cedo, o petista tinha comparecido à posse de Aloizio Mercadante no BNDES, o banco público de apoio ao desenvolvimento nacional, e depois comentou no avião não ter ficado lá muito satisfeito com o discurso ouvido. Um ponto em especial o incomodara. “Não pretendemos ficar disputando mercado com o sistema financeiro privado”, declarara Mercadante. Lula quer que os bancos estatais concorram com os particulares. Baixar os juros dos empréstimos aos cidadãos e às empresas tornou-se uma obsessão. A expansão do crédito faz o motor da economia girar. O Brasil tem hoje a maior taxa básica do mundo, 13,75% ao ano. A chamada Selic dita o rumo dos juros bancários praticados no mercado e, no tamanho atual, afoga o motor.

Em novembro, o deputado Lindberg Farias, do PT do Rio, dizia a ­CartaCapital que “o Banco Central pode ser um problema para nossa estratégia de retomada do crescimento econômico e de geração de empregos”. O receio confirmou-se, diante da disposição expressa pelo BC, no início do mês, de manter a Selic alta por um tempo maior. “É sabotagem contra o governo”, afirma o parlamentar, autor de um pedido de convocação de Campos Neto à Câmara para prestar esclarecimentos. Segundo o deputado, a aprovação presidencial será fundamental contra a oposição radical bolsonarista, terá de ser medida dia a dia. Lula elegeu-se no aperto contra Jair Bolsonaro, graças ao eleitor mais pobre, a quem seus governos anteriores eram promessa de vida melhor. O presidente acredita ter derrotado o capitão, mas não o bolsonarismo. Diante da dinâmica das redes sociais e da força da extrema-direita nas plataformas digitais, o clima eleitoral será permanente. Quanto tempo irá durar a paciência popular com o petista? Em 30 de janeiro, Bolsonaro, do autoexílio em Miami, prognosticou em uma palestra: pelo visto no primeiro mês, o governo “não vai durar muito tempo”.

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