Política

Em carta, ativista gay pede a José Serra: ‘Não rife nossos direitos’

O presidente da ABGLT, Toni Reis, lamenta o uso de políticas públicas de combate à homofobia como ‘arma eleitoral’

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Em carta aberta ao candidato a prefeito de São Paulo José Serra (PSDB), o presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), Toni Reis, criticou a forma com que o projeto Escola Sem Homofobia, do Ministério da Educação, foi introduzido na campanha eleitoral. Atrás nas pesquisas para o segundo turno, o candidato tucano tem usado o projeto – batizado pelo deputado homofóbico Jair Bolsonaro (PP-RJ) como “kit gay” – para atacar o adversário Fernando Haddad (PT), ministro da Educação na época da elaboração do material.

Serra, , chegou a declarar que o Escola Sem Homofobia tinha “aspectos ridículos e impróprios”. As críticas tomaram conta do debate sobre a sucessão em São Paulo nos últimos dias e acontecem no momento em que o candidato recebe o apoio de polêmicos líderes evangélicos, como Silas Malafaia, para conseguir os votos de um eleitorado avesso à ampliação dos direitos dos homossexuais.

A declaração do tucano, disse o ativista, “somente pode ser considerada uma manifestação do legítimo pré-conceito – um conceito antecipado, uma vez que o julgamento do material como sendo ‘ridículo e impróprio’ foi feito em relação a algo inacabado, que ainda não está em sua versão final, que ainda não teve a aprovação do Ministério da Educação”.

“Fiquei muito entristecido pelo uso indevido do debate sobre as políticas públicas de combate à homofobia como uma arma eleitoral”, escreveu Toni Reis.

 

Para mostrar a importância do combate à homofobia, Reis, de 48 anos, cita o próprio histórico de preconceitos enfrentados na escola.

“Quando eu era adolescente na escola meu comportamento também era considerado por algumas pessoas ‘impróprio e ridículo’ só pelo fato de eu ser gay, prejudicando-me pela marginalização imposta por uma condição sobre a qual não tive escolha. Foi o que me motivou a ser um ativista pelo respeito à diversidade sexual.”

Ele lembra que a expressão “kit gay” foi cunhada “por um deputado federal de conduta ética duvidosa” que já defendeu o fuzilamento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Na carta, o ativista pede que a população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais não seja utilizada para gerar polêmica em época eleitoral. “Isto só serve para validar, banalizar e incentivar a homofobia e manter a esta população à margem da cidadania”.

E completou: “Não rife nossos direitos. Uma sugestão é seguir o grande exemplo do Supremo Tribunal Federal, que em 5 de maio de 2011 reconheceu inequívoca e unanimemente os princípios da igualdade, da liberdade e da dignidade humana da população LGBT. É isso que nós queremos”.

Em carta aberta ao candidato a prefeito de São Paulo José Serra (PSDB), o presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), Toni Reis, criticou a forma com que o projeto Escola Sem Homofobia, do Ministério da Educação, foi introduzido na campanha eleitoral. Atrás nas pesquisas para o segundo turno, o candidato tucano tem usado o projeto – batizado pelo deputado homofóbico Jair Bolsonaro (PP-RJ) como “kit gay” – para atacar o adversário Fernando Haddad (PT), ministro da Educação na época da elaboração do material.

Serra, , chegou a declarar que o Escola Sem Homofobia tinha “aspectos ridículos e impróprios”. As críticas tomaram conta do debate sobre a sucessão em São Paulo nos últimos dias e acontecem no momento em que o candidato recebe o apoio de polêmicos líderes evangélicos, como Silas Malafaia, para conseguir os votos de um eleitorado avesso à ampliação dos direitos dos homossexuais.

A declaração do tucano, disse o ativista, “somente pode ser considerada uma manifestação do legítimo pré-conceito – um conceito antecipado, uma vez que o julgamento do material como sendo ‘ridículo e impróprio’ foi feito em relação a algo inacabado, que ainda não está em sua versão final, que ainda não teve a aprovação do Ministério da Educação”.

“Fiquei muito entristecido pelo uso indevido do debate sobre as políticas públicas de combate à homofobia como uma arma eleitoral”, escreveu Toni Reis.

 

Para mostrar a importância do combate à homofobia, Reis, de 48 anos, cita o próprio histórico de preconceitos enfrentados na escola.

“Quando eu era adolescente na escola meu comportamento também era considerado por algumas pessoas ‘impróprio e ridículo’ só pelo fato de eu ser gay, prejudicando-me pela marginalização imposta por uma condição sobre a qual não tive escolha. Foi o que me motivou a ser um ativista pelo respeito à diversidade sexual.”

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