Em live, Bolsonaro ignora crise com Moro e critica diretor da OMS

Em vez de comentar atrito com ministro, o presidente mirou Tedros Ghebreyesus e disse que "não tem cabimento" que ele seja diretor da OMS

O presidente da República, Jair Bolsonaro, acompanhado do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães. Foto: Reprodução/Facebook

Apoie Siga-nos no

Em transmissão ao vivo nas redes sociais, nesta quinta-feira 23, o presidente Jair Bolsonaro decidiu deixar de lado a crise interna do Palácio do Planalto com o ministro da Justiça, Sergio Moro. Horas antes, o ex-juiz da Operação Lava Jato avaliava sair do governo, caso Bolsonaro decidisse demitir o diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo.

O alvo de Bolsonaro desta vez foi o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus. O presidente da República afirmou que “não tem cabimento” que Ghebreyesus ocupe o cargo de diretor da entidade por não ser formado em Medicina.

Bolsonaro reclamava sobre a pressão que tem recebido por não cumprir as orientações de isolamento e de distanciamento social da OMS. O presidente se queixou por ser alvo de acusações de “genocídio”, ao se preocupar com a economia em meio à pandemia de coronavírus, em vez de focar em salvar vidas.

“Estou sendo acusado de genocídio por ter defendido uma tese diferente da OMS. O pessoal fala tanto em seguir a OMS, né? O diretor presidente da OMS é médico? Não é médico. Sabia disso?”, afirmou Bolsonaro ao presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, que estava ao seu lado.

Em seguida, Bolsonaro comparou Ghebreyesus a alguém que dirige um banco e não é formado em economia.


“É a mesma coisa que falar, aqui no Brasil, que o presidente da Caixa não fosse alguém da economia. Aí não tem cabimento. Se eu fosse presidente da Caixa, com todo o respeito, eu não ia fazer nada lá. Se você viesse para o Exército, você não ia fazer nada no Exército. Então, o presidente da OMS não é médico. Não é médico, tá certo?”, declarou.

De fato, a graduação de Ghebreyesus não é em Medicina, mas ele ostenta uma longa carreira como profissional de saúde.

O diretor da OMS se formou em Biologia, em 1986, na Universidade de Asmara, na Eritreia. Na década de 1990, estudou doenças infecciosas na Universidade de Londres, no Reino Unido, e nos anos 2000 tornou-se doutor em Saúde Pública. Entre 2005 e 2012, atuou como ministro da Saúde da Etiópia e teve a oportunidade de expandir o sistema de saúde do país.

– Live de quinta-feira (23/04/2020).-Temas: auxílio Caixa e outros.. Link no youtube:

Posted by Jair Messias Bolsonaro on Thursday, April 23, 2020

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

 

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.