Em mais um equívoco, Bolsonaro erra ao citar dados sobre radares

Presidente disse que vai diminuir os radares pois causam mais acidentes, mas levantamento mostra justamente o contrário

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O presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que o governo está diminuindo os radares nas estradas federais para devolver ao povo brasileiro “o prazer em dirigir”. A declaração foi dita em rede nacional na noite deste domingo 5 no Programa Silvio Santos, do qual Bolsonaro participou como convidado.

Sem citar dados de estudos técnicos – algo exigido pela Justiça há um mês – o presidente argumentou a favor do fim dos radares dizendo que os acidentes de trânsito no último feriado caíram 11%. “Se tivesse aumentado, a culpa era minha. Como diminuiu, parte da imprensa não falou nada. E acho que estamos no caminho certo”, disse.

O pesselista afirmou que muitos acidentes são causados pelos radares e que eles prejudicam o trânsito. Mais uma vez, o presidente está equivocado. Em rodovias onde foram instalados fiscalizadores, o número de acidentes caiu 72%. O levantamento foi feito pelo jornal Folha de S.Paulo em abril deste ano, logo após Bolsonaro anunciar os cortes.

 

O levantamento mostra, também, que a redução média de mortes foi de 21,7% nos quilômetros de rodovias federais em que o dispositivo eletrônico foi colocado. O cálculo sobre a eficácia dos equipamentos considerou os acidentes e mortes registrados pela Polícia Rodoviária Federal entre 2007 e 2018 nos quilômetros de estradas que até o fim do ano tinham radares.


Presente aos caminhoneiros

Desde que assumiu a Presidência em janeiro, Bolsonaro tenta agradar a classe dos caminhoneiros, que ameaça fazer outra greve que pode parar o País. O presidente chegou a interferir em decisões da Petrobras para não aumentar o valor do diesel, medida que vai contra o estilo liberal adotado durante a campanha.

 

A retirada dos radares é mais uma dessas medidas. Bolsonaro disse, no Programa Silvio Santos, que o dinheiro economizado na multa dos radares pode ser aproveitado pelos caminhoneiros. “É dinheiro que você tira do povo. Quando você tira do caminhoneiro, ele bota no frete isso. Aumenta o produto na prateleira”, declarou.

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