A Embaixada de Israel no Brasil chamou uma reunião a portas fechadas com parlamentares bolsonaristas para esta quarta-feira, 8 de novembro, com objetivo de apresentar “imagens exclusivas” da guerra contra o grupo Hamas. O comunicado, obtido por CartaCapital, proíbe que o encontro seja gravado, sob a alegação de “questões éticas”.
“Enfatizamos que as imagens são fortes e extremamente sensíveis, expondo sem censura cenas brutais de mortes com crueldade”, diz um trecho do convite. “Recomendamos cuidado, pois pode apresentar conteúdos desconfortáveis para algumas pessoas”.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o embaixador de Israel Daniel Zonshine são alguns dos presentes na reunião.
Procurada, a Embaixada de Israel disse que enviou o convite por e-mail a todos os deputados, independetemente de posição ideológica. O comunicado ao qual CartaCapital teve acesso, porém, diz que o encontro será apenas com “parlamentares selecionados”. Deputados de esquerda consultados pela reportagem – a exemplo de PT, Psol e PV – desconheciam a existência do evento.
A reunião acontecerá no gabinete da 1ª vice-presidência da Câmara, às 15h. De acordo com o convite, o objetivo do encontro é apresentar aos parlamentares brasileiros imagens “coletadas das câmeras dos capacetes dos terroristas (sic) do Hamas”.
Trata-se de 40 minutos de gravações armazenadas pelo serviço de inteligência de Israel, através de drones e redes sociais. Conforme apurou a reportagem, o mesmo conteúdo a ser exibido aos congressistas foi apresentado há uma semana a jornalistas e membros da comunidade judaica durante um evento em São Paulo.
Entre as imagens estão cenas de um homem sendo decapitado com uma enxada, o massacre de jovens que participavam da rave no deserto de Negev, pessoas sendo metralhadas, corpos carbonizados, entre outras coisas.
O encontro acontece à luz do acirramento do conflito armado no Oriente Médio. Os bombardeios israelenses já deixaram mais de 10.300 palestinos mortos, segundo balanço de autoridades locais. Na Faixa de Gaza, 2,4 milhões de pessoas vivem sob cerco total desde o início do mês. Há escassez de água, comida, medicamentos e combustíveis.
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