Política

Embaixador nos EUA enviou informações falsas a Bolsonaro sobre derrota de Trump

Documentos obtidos pelo Estadão mostram que mensagens, baseadas em fake news, enfatizavam a desconfiança no processo eleitoral

Bolsonaro e Trump
O ex-capitão disse a Trump" 'I love you'. Foto: Jorge Araujo/Folhapress O ex-capitão disse a Trump" 'I love you'. Foto: Jorge Araujo/Folhapress
Apoie Siga-nos no

Um dos últimos presidentes a reconhecer a vitória de Joe Biden nos Estados Unidos, Jair Bolsonaro teria sido instruído pelo embaixador Nestor Forster a agir dessa forma.

 

A informação é do jornal O Estado de S.Paulo, que teve acesso a mensagens enviadas ao presidente do Brasil.

Na contramão de observadores americanos e europeus, o diplomata enviou a Brasília, ao longo da contagem dos votos, descrições baseadas em análises e notícias falsas que questionavam a lisura da disputa vencida por Joe Biden.

Durante a apuração, Bolsonaro demonstrou sintonia ao discurso eleitoral de Trump, algo incomum na história da diplomacia nacional, a ponto de não comentar a derrota do aliado.

Uma série de cinco telegramas, obtidos pelo jornal por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), revela a atuação do embaixador na missão de orientar o governo brasileiro.

Nas mensagens, o diplomata repassou, num primeiro momento, análises que enfatizavam a desconfiança no processo eleitoral e, depois, com a confirmação do resultado favorável a Biden, relatos que apostavam numa virada de mesa nos tribunais.

Os textos enviados entre 5 e 12 de novembro pelo embaixador, num total de 22 páginas, destacaram comentários e expectativas de aliados do candidato republicano.

Nas mensagens a Brasília, Forster Junior atribuiu as acusações de fraudes sempre a “relatos” que disse ter ouvido. Sem citar fontes, ele registrou, no mesmo dia 6, “tráficos de cédulas eleitorais em pequena escala”, “intimidação e restrição de acesso de observadores eleitorais a locais de contagem de votos” e critérios de segurança “insuficientes” para verificação de assinaturas de eleitores em envelopes com cédulas enviados pelo correio.

O diplomata relatou ainda ter ocorrido “correção de cédulas preenchidas incorretamente por eleitores, de modo indevido, por mesários”.

Com informações do Estado de S. Paulo.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

 

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo