Política
Embaixador nos EUA enviou informações falsas a Bolsonaro sobre derrota de Trump
Documentos obtidos pelo Estadão mostram que mensagens, baseadas em fake news, enfatizavam a desconfiança no processo eleitoral
![Bolsonaro e Trump](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2020/11/jorgearaujo_folhapress.jpg)
Um dos últimos presidentes a reconhecer a vitória de Joe Biden nos Estados Unidos, Jair Bolsonaro teria sido instruído pelo embaixador Nestor Forster a agir dessa forma.
A informação é do jornal O Estado de S.Paulo, que teve acesso a mensagens enviadas ao presidente do Brasil.
Na contramão de observadores americanos e europeus, o diplomata enviou a Brasília, ao longo da contagem dos votos, descrições baseadas em análises e notícias falsas que questionavam a lisura da disputa vencida por Joe Biden.
Durante a apuração, Bolsonaro demonstrou sintonia ao discurso eleitoral de Trump, algo incomum na história da diplomacia nacional, a ponto de não comentar a derrota do aliado.
Uma série de cinco telegramas, obtidos pelo jornal por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), revela a atuação do embaixador na missão de orientar o governo brasileiro.
Nas mensagens, o diplomata repassou, num primeiro momento, análises que enfatizavam a desconfiança no processo eleitoral e, depois, com a confirmação do resultado favorável a Biden, relatos que apostavam numa virada de mesa nos tribunais.
Os textos enviados entre 5 e 12 de novembro pelo embaixador, num total de 22 páginas, destacaram comentários e expectativas de aliados do candidato republicano.
Nas mensagens a Brasília, Forster Junior atribuiu as acusações de fraudes sempre a “relatos” que disse ter ouvido. Sem citar fontes, ele registrou, no mesmo dia 6, “tráficos de cédulas eleitorais em pequena escala”, “intimidação e restrição de acesso de observadores eleitorais a locais de contagem de votos” e critérios de segurança “insuficientes” para verificação de assinaturas de eleitores em envelopes com cédulas enviados pelo correio.
O diplomata relatou ainda ter ocorrido “correção de cédulas preenchidas incorretamente por eleitores, de modo indevido, por mesários”.
Com informações do Estado de S. Paulo.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2020/12/Untitled-7-300x180.jpg)
Bolsonaro diz que Flávio é tratado como ‘o maior bandido’ e que Queiroz é ‘injustiçado’
Por Estadão Conteúdo![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2020/09/Bolsonaro-5-300x180.jpg)
Com fracasso do ‘Aliança’, Bolsonaro quer entrar em novo partido até março
Por CartaCapital![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2020/04/Alexandre-de-Moraes-Foto-Rosinei-Coutinho-SCO-STF-300x180.png)