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Envolver militares em contagem de votos é ‘politicagem mais baixa possível’, diz Santos Cruz

O ex-ministro de Bolsonaro criticou a sugestão do presidente de que haja uma ‘contagem paralela’ feita por militares

O General Santos Cruz. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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O general da reserva Carlos Alberto dos Santos e Cruz , ex-ministro da Secretaria de Governo, criticou a tentativa de Jair Bolsonaro de envolver os militares em apuração de votos eleitorais. A declaração foi dada em uma entrevista ao Valor. 

Na opinião de Santos Cruz, hoje filiado ao Podemos, a intentada é “politicagem mais baixa possível da exploração das Forças Armadas”. 

“Imagine as Forças Armadas fazendo contagem paralela de votos? O que é isso? Isso aí é brincadeira. Isso aí é simplesmente para criar confusão. Não é papel das Forças Armadas, não é tarefa das Forças Armadas. Tem Tribunal Eleitoral para isso”, afirmou. 

Na semana passada, durante um evento oficial, Bolsonaro sugeriu que o computador do TSE que faz a contagem de votos deveria ser ligado ao dispositivo das Forças Armadas, para supostos fins de ‘verificação’. 

Segundo ele, haveria “um cabo que alimenta a sala secreta do TSE”, e deveria ser “feita uma ramificação, um pouquinho à direita, para que tenhamos do lado um computador das Forças Armadas para contar os votos no Brasil”.

O presidente, que há anos desqualifica o sistema eleitoral, chegou a dizer ainda que existiria uma sala para uma ‘falsa apuração’. 

O ex-ministro Santos Cruz corrobora a posição do TSE e repudia a contagem paralela de votos. 

“As Forças Armadas não têm nada a ver com história de eleição. Eleição é responsabilidade do TSE”, repetiu o general. 

“No caso, as Forças Armadas foram convidadas para participar, com outros, de uma avaliação do sistema, para demonstrar que o sistema é bom e confiável. Depois as Forças Armadas fizeram umas perguntas técnicas. As Forças Armadas não têm nada a ver [com eleição], então é técnico o negócio. Eu não sei como foram as perguntas técnicas. Também não sei quais foram as respostas do TSE. O problema é que a partir daí você tem uma exploração política muito forte”.

Santos Cruz disse ainda que uma possível contagem paralela geraria apenas mais confusão, e desviaria os assuntos pertinentes da administração. 

“Isso aí é conveniente para quem gosta de viver no ambiente de briga. Ou para quem não quer discutir os assuntos sérios que a gente tem. Para quem não sabe administrar, aí é um bom negócio.”

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