‘Estrangulamento’: as duras críticas de deputados do PT ao arcabouço fiscal

Petistas, porém, votaram a favor do projeto, enquanto o PSOL se manifestou integralmente contra a regra fiscal

Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

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A bancada do PT na Câmara votou integralmente a favor do arcabouço fiscal, criado para substituir o teto de gastos imposto ao País sob o governo de Michel Temer. Os 66 votos pela aprovação, porém, não inviabilizaram fortes críticas de petistas ao texto.

Deputados do partido protocolaram declarações de voto nas quais questionaram o teor da regra fiscal, especialmente após as mudanças promovidas pelo relator, Cláudio Cajado (PP-BA).

“Consideramos que o relatório de Cajado agravou sobremaneira as normas de contração dos gastos públicos, limitando fortemente a capacidade do Estado de fazer justiça social e comandar um novo ciclo de desenvolvimento”, diz um documento protocolado, entre outros, pelos deputados Lindbergh Farias (PT-RJ), Rui Falcão (PT-SP) e Bohn Gass (PT-RS).

Eles classificam como “uma imprudência que o novo regime fiscal, segundo o relatório de Cajado, seja essencialmente determinado por uma redução dura e imediata da dívida interna, ao contrário de estar voltado para o Estado comandar um robusto ciclo de desenvolvimento sustentável e crescimento da economia, com distribuição de renda, criação de empregos, desconcentração de riqueza e soberania nacional”.

“Por fim, lamentamos que ainda não tenha sido possível libertar o poder público do estrangulamento provocado pelos interesses do capital rentista, que busca subjugar o Tesouro ao pagamento dos escorchantes juros da dívida pública, às custas do empobrecimento do povo brasileiro e da sangria de nossa economia”, completa a declaração de voto.

As críticas de parte da esquerda ao projeto não se limitam ao PT. A bancada do PSOL, partido que compõe a base do governo e conta com 12 deputados, votou integralmente contra o arcabouço.


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