O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta quinta-feira 12 compreender a irritação do presidente Jair Bolsonaro por causa de uma medida estudada pelo Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNLA), comandado por Mourão, que poderia expropriar terras com desmatamento e queimadas ilegais.
“Se eu fosse o presidente, também estaria extremamente irritado. Eu me penitencio por não ter colocado grau de sigilo nesse documento. Porque, se eu tivesse colocado grau de sigilo, a pessoa que vazou o documento estaria incorrendo em crime previsto na nossa legislação”, disse Mourão.
Pela manhã, Bolsonaro chegou a levantar a hipótese de “traição” no governo. “Mais uma mentira do Estadão ou delírio de alguém do Governo. Para mim a propriedade privada é sagrada. O Brasil não é um país socialista/comunista”, disse o presidente nas redes sociais.
– Mais uma mentira do Estadão ou delírio de alguém do Governo.
– Para mim a propriedade privada é sagrada.
– O Brasil não é um país socialista/comunista. pic.twitter.com/n6rz5GYXj2
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) November 12, 2020
Mais tarde, em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro voltou ao tema. “Vi essa matéria do Estadão de hoje. Ou é mais uma mentira ou alguém deslumbrado do governo resolveu plantar essa notícia aí. A propriedade privada é sagrada. Não existe nenhuma hipótese nesse sentido. E se alguém levantar isso aí, eu simplesmente demito do governo. A não ser que essa pessoa seja indemissível”, disparou.
De acordo com Mourão, “alguém mal-intencionado pegou e entregou o documento completo para um órgão de imprensa”. O vice-presidente também afirmou que o documento se tratava de um “estudo” que ainda passaria pela avaliação do Ministério da Agricultura.
“Isso é um estudo. O ministério que é o responsável por isso aí, o da Agricultura, vai dizer o que cabe, o que não concorda. Não sei se vai ser analisado. Agora, com esse documento totalmente nas mãos de quem não devia estar e que vem utilizando da forma que eu não considero a mais correta”, disse ainda Mourão.
Na quarta-feira 11, o Estadão – alvo de Bolsonaro nesta quinta – informou que o governo federal planejava a criação de mecanismos para expropriar propriedades com registros de queimadas ilegais e desmatamento. O objetivo seria enviar ao Congresso Nacional, em 2021, uma Proposta de Emenda à Constituição.
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