Ex-auxiliar de Bolsonaro movimentou R$ 3,3 milhões e repassou parte para Cid, diz Coaf

Os registros constam de relatório enviado à CPMI do 8 de Janeiro e foram revelados pelo jornal 'O Estado de S. Paulo'

Tenente-coronel Mauro Cid e o militar Luis Marcos dos Reis: subordinado a Cid fez repasses milionários para madeireira em Goiânia — Foto: Agência Senado e reprodução

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O sargento do Exército Luis Marcos dos Reis, um dos auxiliares do ex-presidente Jair Bolsonaro durante sua gestão, movimentou cerca de 3.34 milhões de reais entre 1º de fevereiro do ano passado e 8 de maio deste ano, mesmo com uma renda mensal de pouco mais de 13,3 mil. A maior parte dos recursos foi repassada para o tenente-coronel Mauro Cid.

Ao todo, os dois movimentaram mais de 7 milhões em transações consideradas suspeitas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf. Os registros constam de relatório enviado à CPMI do 8 de Janeiro e foram revelados pelo jornal O Estado de S. Paulo. 

Segundo o Coaf, os repasses de recursos de Reis para Cid são indícios de lavagem de dinheiro e foram incompatíveis com a renda do sargento. Atualmente, o militar está na reserva e recebe uma remuneração de 9,7 mil reais. Ele está preso desde maio por envolvimento no esquema de falsificação de cartões de vacinação.

Só entre fevereiro do ano passado e 20 de janeiro deste ano, o sargento Reis recebeu 1,5 milhão em uma conta bancária no Banco do Brasil. Parte desse dinheiro foi obtido em 105 transferências via Pix. No mesmo período, saíram de sua conta 1,46 milhão, a maior parte em transferência bancárias. Outros 336,2 mil foram repassados via Pix.

O relatório do órgão aponta ainda que registra 11 transferências bancárias devolvidas pelo militar, no valor total de 550 mil.

As movimentações consideradas ‘atípicas’ já haviam sido flagradas pelo Coaf nas contas de Mauro Cid. De acordo com o órgão, o ex-ajudante de ordens recebeu cerca de 82 mil reais do sargento reformado no intervalo de três meses.


“Considerando a movimentação atípica, sem clara justificativa e as citações desabonadoras em mídia, tanto do analisado quanto do principal beneficiário, comunicamos pela possibilidade de constituir-se em indícios do crime de lavagem de dinheiro”, diz o relatório do Coaf.

 

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