O caminhoneiro bolsonarista Marcos Antônio Pereira Gomes, autodenominado Zé Trovão, desafiou a ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e incentivou nesta quarta-feira 8 o bloqueio de rodovias por caminhoneiros.
Zé Trovão defendeu que a partir das 6h desta quinta-feira 9 “todas as bases brasileiras fechem tudo” e não deixem passar nada além de “ambulâncias, oxigênio e remédios”.
“Acabou, não passa mais nada, não passa carro pequeno, não passa mais nada. Estão brincando com a democracia, estão nos tirando para otário e ninguém vai passar o resto da vida nas ruas parado, não. Nos precisamos resolver o problema do Brasil agora, nesta semana”, disse na gravação.
Moraes decretou na última sexta-feira 3 a prisão de Zé Trovão. Desde 20 de agosto, o caminhoneiro também está proibido por ordem judicial de se aproximar de um raio de um quilômetro da Praça dos Três Poderes, em Brasília. A mesma proibição vale para o cantor Sérgio Reis, o deputado Otoni de Paula e outras nove pessoas que, segundo investigação, defendiam um “levante” em Brasília no 7 de Setembro.
As declarações de Zé Trovão vêm em meio a um movimento de caminhoneiros que apoiam o presidente Jair Bolsonaro. Eles realizam, nesta quarta, manifestações e bloqueios em rodovias federais de pelo menos 14 estados. O número consta de boletim divulgado às 20h30 pelo Ministério da Infraestrutura, com informações da Polícia Rodoviária Federal. O comunicado anterior, das 17h30, confirmava a mobilização em 8 estados.
O movimento endossa os atos antidemocráticos promovidos por bolsonaristas e incentivados pelo presidente no 7 de Setembro. Segundo a Infraestrutura, “já foram debeladas 117 ocorrências com concentração de populares e tentativas de bloqueio total ou parcial de rodovias durante as últimas horas”.
A Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística divulgou uma nota nesta tarde na qual criticou os bloqueios. Segundo a NTC, “trata-se de movimento de natureza política e dissociado até mesmo das bandeiras e reivindicações da própria categoria, tanto que não tem o apoio da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos”.
De acordo com a Infraestrutura, “a PRF encontra-se em todos os locais identificados e trabalha pela garantia do livre fluxo com a tendência de fim das mobilizações até a 0h do dia 09/09.”
Enquanto isso, um pequeno grupo de caminhoneiros e bolsonaristas permanece em frente ao Congresso Nacional – um resquício da mobilização da véspera. Participantes ostentam cartazes em defesa de intervenção militar e com ameaças ao Supremo Tribunal Federal.
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