Política

Fornecedor de kit de robótica superfaturado foi recebido 14 vezes por funcionário do MEC

O empresário Edmundo Catunda e Alexsander Moreira, que trabalhou no Ministério entre 2016 e 2023, são investigados pela PF por fraude

Edmundo Catunda (1º da esq. para a dir.) e seu filho, o vereador João Catunda (4º da dir. para a esq.) reúnem-se com Lira e outros líderes do PP
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O ex-funcionário do Ministério da Educação, Alexsander Moreira, alvo da Polícia Federal na investigação que apura suposto esquema criminoso na compra de kit de robótica, teria se encontrado com o sócio da empresa fornecedora dos equipamentos, Edmundo Catunda, pelo menos 14 vezes. A apuração é da Folha de S. Paulo. 

As reuniões ocorrem dentro do MEC, entre 2020 e 2021, ainda no governo Jair Bolsonaro (PL). 

Catunda é dono da Megalic, a empresa alagoana que tinha contratos com vários municípios para fornecer kits de robótica. Além disso, o empresário é apontado como próximo ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP). 

Conforme a Folha, o governo Bolsonaro destinou cerca de 26 milhões de reais para sete cidades alagoanas para a compra dos equipamentos necessários para aulas de robóticas. O valor equivale a 68% de orçamento destinado no País para compra de materiais, evidenciando a priorização da destinação. 

Além disso, diversas das escolas dos municípios beneficiários possuem graves deficiências de infraestrutura e possuíam outras necessidades. 

Todas as cidades que receberam os kits tinham contrato com a Megalic. Segundo documentos, a empresa de Catunda comprava os equipamentos por 2,7 mil reais e revendia as prefeituras por 14 mil reais.

Chama a atenção a velocidade que os valores foram liberados, por meio das emendas de relator, parte do orçamento controlada por Lira. 

Após busca e apreensão, a PF encontrou documentos com citações a Lira e uma lista de pagamentos atrelados ao nome “Arthur”, que totalizam 650 mil reais. 

O ex-funcionário do MEC, Alexsander Moreira também consta do documento. As autoridades identificaram movimentações fiscais suspeitas no valor de 737 mil reais, entre outubro de 2021 e novembro de 2022. 

Ele ainda foi o destinatário de três depósitos bancários realizados por um homem ligado a empresa de Edmundo Catunda. 

Moreira foi o responsável por elaborar nota técnica enviada pelo governo Bolsonaro ao Tribunal de Contas da União, prestando contas da compra dos kits de robótica. 

O tribunal havia questionado o valor de 176 mil reais que incluíam robôs, materiais didáticos e treinamentos. 

Dois filhos de Catunda, o ex-assessor legislativo João Pedro e o vereador de Maceió João Victor Catunda (PP), também estiveram com Moreira ao menos 12 vezes. Ambos são citados nas investigações. 

Moreira ainda se encontrou com a assessora legislativa do vereador João Catunda, Catharyna Davilla Duarte Barbosa, apontada como consultora na liberação dos recursos do MEC referente aos kit. 

A assessora confirmou que atuou nos trâmites relacionados ao MEC e que foi somente depois da intervenção de Lira, que os repasses foram encaminhados às prefeituras beneficiadas. 

Antes de trabalhar no MEC, Moreira era representante da empresa Pete, principal fornecedora dos equipamentos de robótica para a Megalic. Ele possui ligações recentes com dois funcionários da Pete investigados no esquema. 

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