General Heleno fala em “consequências imprevisíveis” caso celular de Bolsonaro seja apreendido

Em tom de ameaça, chefe do GSI diz que pedido do STF é 'inconcebível' e 'inacreditável'

O general Augusto Heleno. Foto: Marcos Corrêa/PR

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O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, publicou uma nota nas redes sociais que diz julgar “inconcebível, e, até certo ponto, inacreditável” o pedido do ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), que enviou pedidos de apreensão do celular de Jair Bolsonaro para análise no âmbito do processo que investiga possível interferência do presidente na Polícia Federal.

“Caso se efetivasse, seria uma afronta à autoridade máxima do Poder Executivo e uma inferferência inadmissível de outro Poder, na privacidade do Presidente da República e na segurança institucional do País”, diz a nota assinada por Augusto Heleno, que menciona logo depois a possibilidade de “consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional” caso o pedido fosse acatado.

“O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República alerta as autoridades constituídas que tal atitude é uma evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os poderes e poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional.”, finaliza. Na postagem, o general escreveu ainda que o documento se tratava de uma “nota à nação brasileira”.


A publicação foi feita na tarde desta sexta-feira 22, enquanto todos aguardam, com expectativas altas, pela liberação ou não do vídeo da reunião interministerial do dia 22 de abril – apontada pelo ex-ministro de Justiça, Sérgio Moro, como a ocasião no qual Bolsonaro admitiu interferir na PF a fim de proteger seus filhos de investigações no Rio de Janeiro.

Celso de Mello é relator do inquérito proposto pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, que investiga os fatos narrados por Moro, e encaminhou à Procuradoria Geral da República (PGR) três notícias-crime que pedem novos desdobramentos no inquérito da possível interferência do presidente Jair Bolsonaro no comando da Polícia Federal.

No despacho enviado na quinta-feira 21, o ministro afirma ser dever jurídico do Estado promover a apuração da “autoria e da materialidade dos fatos delituosos narrados por ‘qualquer pessoa do povo’”. Foram encaminhados pedidos feitos por partidos e parlamentares que pedem o depoimento do presidente no inquérito, e a busca e apreensão do celular dele e de seu filho, Carlos Bolsonaro, para perícia.

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