Mundo
Hamas condena visita de Bolsonaro a Jerusalém e pede retratação
Bolsonaro foi o primeiro chefe de Estado a ir ao Muro das Lamentações acompanhado do primeiro-ministro israelense
![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2019/04/Bolsonaro2.jpg)
O Hamas, organização islâmica nos territórios palestinos, responsável por cuidar das fronteiras da Faixa de Gaza, divulgou nesta segunda-feira 1 uma nota repudiando a visita do presidente Jair Bolsonaro a Israel.
O grupo, que é classificado como terrorista pelos EUA e Israel, afirmou que a atitude de Bolsonaro viola as leis e normas internacionais e que isso não representa a atitude histórica do povo brasileiro. Mais cedo, Bolsonaro visitou o Muro das Lamentações ao lado do premiê Benjamin Netanyahu.
Essa é a primeira vez que um chefe de Estado visita o local, considerado sagrado pelos judeus. Até o presidente dos EUA, Donald Trump, evitou fazer a visita por se tratar de algo polêmico. “O Hamas conclama o Brasil a reverter imediatamente essa política que é contra o direito internacional e as posições de apoio do povo brasileiro e dos povos da América Latina”, diz o grupo.
O Hamas pede que a Liga Árabe, a Organização da Cooperação Islâmica e todas as organizações internacionais pressionem o governo brasileiro a derrubar esses movimentos que apoiam Israel.
Em entrevista, Bolsonaro afirmou que antes do final do seu mandato tomará a decisão sobre se vai transferir a embaixada do Brasil de Tel-Aviv para Jerusalém, como prometeu durante a campanha. O presidente anunciou, também, a criação de um escritório de negócios em Jerusalém.
“O Hamas também condena os planos de abertura de um escritório de negócios do Brasil em Jerusalém. Exigimos que o Brasil recue de imediato desta política que viola a legitimidade internacional e vai contra a posição histórica. Essa política não ajuda a estabilidade e a segurança da região e ameaça os laços do Brasil com países árabes e muçulmanos”, conclui o texto.
A atitude de Bolsonaro é um sinal de que o Brasil está se alinhando aos EUA e apoiando Israel na guerra contra os palestinos. Os dois países disputam Jerusalém como parte de seu território por possuir os maiores símbolos religiosos do mundo.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.