Entrevistas
Helder Barbalho: ‘Oportunistas aproveitam inocentes para manter sentimento bélico até a eleição municipal’
Em entrevista a CartaCapital, o governador do Pará disse que os derrotados na eleição precisam ‘tocar a vida’
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O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), criticou aqueles que chamou de “oportunistas” e pregou a aceitação da derrota eleitoral por parte da extrema-direita. A declaração ocorreu nesta terça-feira 22, em entrevista ao canal de CartaCapital no YouTube.
Barbalho afirmou que a extrema-direita se consolidou como um campo político no Brasil, mesmo com o revés de Jair Bolsonaro (PL) na eleição presidencial. Diante disso, o governador declarou que a classe política democrática deve ter “habilidade para compreender o pensamento diferente e buscar reconstruir o diálogo”.
“Há uma experiência nova no Brasil, que já acontece em outros países, que é a mistura, primeiro, do lamentar pela derrota. Estes têm que ser respeitados. Eu já perdi eleição, dói, você sofre, mas você tem que ter capacidade de tocar a vida“, avaliou. “Existe outro polo, que são os oportunistas que estão aproveitando os inocentes úteis para manter ativo o sentimento bélico, passando pelo interesse de ser herdeiro do espólio já para a eleição municipal.”
Barbalho acrescentou um terceiro elemento, que chamou de “alienação da comunicação”, em referência à disseminação de informações falsas.
Em relação a possíveis punições a Bolsonaro após deixar o Palácio do Planalto, Barbalho disse avaliar que “seja Bolsonaro, seja qualquer um de nós, aquele que comete ilegalidades deve responder pelas suas ilegalidades”.
O governador afirmou não pregar “perseguição a quem quer que seja”, mas que “há de se ter responsabilidade” e que “quem deve cuidar disso devem ser os órgãos de controle, de fiscalização e a Justiça”.
Barbalho foi designado na semana passada como um dos participantes do grupo técnico sobre Desenvolvimento Regional na equipe de transição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo o governador, “o cenário orçamentário é extremamente preocupante” para o setor. Ele destacou a área de prevenção a desastres naturais e contenção de encostas.
“Nós estamos falando, em números absolutos, em um orçamento, no ano anterior, de 3 bilhões de reais, e a previsão de 25 mil reais para o exercício de 2023. Portanto, na verdade, em pautas que são sensíveis e importantes, a peça orçamentária apenas abriu uma rubrica, mas não destinou orçamento para este fim”, declarou.
Barbalho também comentou sobre a necessidade de o Congresso promover um novo pacto para revisar a lógica do orçamento secreto. O setor de Desenvolvimento Regional é um dos que mais contêm repasses nesse modelo.
O governador mencionou a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, a Codevasf, como “importante instrumento de irrigação feita pelo orçamento secreto” e afirmou que “isso precisa ser discutido” no Supremo Tribunal Federal e no Parlamento.
“Hoje, na maneira como está colocada, o Poder Executivo tem baixíssima ingerência sobre o Orçamento”, prosseguiu. “Isso precisa ser revisto e repactuado. Acho que um caminho possível é elevar o valor das emendas individuais e das emendas de bancada e permitir o retorno ao Poder Executivo do cumprimento de sua missão.”
A entrevista está disponível na íntegra no YouTube.
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