Janaina Paschoal pede afastamento de Bolsonaro: “Me arrependi do meu voto”

'Como um homem que está possivelmente infectado vai para o meio da multidão? Ele acha que pode tudo?', disse a deputada. Assista

Foto: Sérgio Galdino/Alesp

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A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL) fez uma fala incisiva contra o presidente Jair Bolsonaro na tarde desta segunda-feira 16, um dia depois de Bolsonaro ter se unido a manifestantes que estavam em frente ao Palácio da Alvorada mesmo com recomendações de isolamento, dadas pelo Ministério da Saúde, para combater o novo coronavírus no Brasil.

A deputada conservadora, que ficou conhecida após ser uma das autoras do pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016, afirmou que se arrependeu de seu voto e acusa Bolsonaro de ter cometido um crime contra a saúde pública em sua fala na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

Ela ainda afirma que o vice-presidente Hamilton Mourão, que foi “treinado para a defesa”, deveria conduzir a nação, mas afirma que não há tempo para um processo de impeachment.

Janaína Paschoal também criticou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), por ter estado presente em cerimônias solenes e de inauguração na última semana. Segundo Paschoal, Doria e Bolsonaro devem ser responsabilizados e tirados de seus cargos caso haja uma crise na saúde pública paulista e nacional.

“Se houver um colapso contra o sistema de saúde em São Paulo, o governador deve perder o cargo. […] Isso é homicídio doloso. Quando as autoridades tem o poder dever de tomar providencias para evitar um resultado danoso e assim não procedem, elas respondem a esse resultado.”, discursou.


Para ela, o caso do presidente é ainda pior por Bolsonaro estar rodeado de ao menos 12 pessoas contaminadas com o vírus. Na semana retrasada, a comitiva do presidente esteve nos Estados Unidos para eventos com empresários e com o presidente Donald Trump. Na volta, todos tiveram que passar pela testagem do Covid-19. Nos resultados preliminares, Jair Bolsonaro testou negativo. A orientação era para que ele ficasse em isolamento.

No domingo 15, porém, Bolsonaro saiu para cumprimentar apoiadores que estavam do lado de fora do Palácio da Alvorada e chegou a tirar fotos com diversos celulares e apertar as mãos dos manifestantes, indo contra recomendações expressas de órgãos de saúde internacional, como a OMS, e de seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

“Esse senhor tem que sair da presidência da República. Deixa o Mourão, que é treinado para defesa, conduzir a nação. Não tem mais justificativa. Como um homem que está possivelmente infectado vai para o meio da multidão? Eu me arrependi do meu voto. Que país é esse? Como esse homem vai lá, potencialmente contaminando as pessoas, pegando na mão, beijando? Ele tá brincando? Ele acha que ele pode tudo? As autoridades tem que se unir e pedir pra ele se afastar. Nós não temos tempo para um processo de impeachment.”, disse a deputada. Veja a fala completa:

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