Juiz da Lava Jato determina depoimento de Deltan em processo de Tacla Duran

Eduardo Appio destaca que o ex-procurador 'não mais ostenta prerrogativa de foro ou os privilégios legais inerentes ao mandato de Deputado Federal'

Deltan Dallagnol, ex-procurador da força-tarefa da Lava Jato. Foto: Antônio Leal / MPDFT

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O juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Eduardo Appio, agendou nesta sexta-feira 19 um depoimento do deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) no processo a envolver o advogado Rodrigo Tacla Duran. A oitiva foi marcada para 19 de junho.

Na pauta da audiência estará a proximidade entre Deltan e o procurador Walter José Mathias Junior, responsável pelos casos ligados a Duran.

“Ainda que RODRIGO TACLA DURAN faça referência direta à audiência realizada neste Juízo Federal, durante a qual o Exmo. Sr Procurador da República reconheceu vínculos de convivência pessoal do ex Procurador DELTAN DALLAGNOL, considero que a prova produzida até o momento deve ser complementada pela oitiva da testemunha referida, a qual deve esclarecer se mantém vínculo de amizade pessoal e íntima com o Exmo. Sr. Procurador da República requerido”, diz o despacho de Appio.

O magistrado da Lava Jato determinou que o depoimento seja presencial, diante do “fato notório que a referida testemunha não mais ostenta prerrogativa de foro ou os privilégios legais inerentes ao mandato de Deputado Federal”.

Ao cassar o mandato de Deltan, na última terça-feira 16, o TSE apontou que uma “manobra” dele para deixar o Ministério Público Federal e se candidatar à Câmara “impediu que os 15 procedimentos administrativos em trâmite no CNMP em seu desfavor viessem a gerar processos administrativos disciplinares, que poderiam ensejar pena de aposentadoria compulsória ou perda do cargo”.

No final de março, Tacla Duran afirmou em depoimento a Eduardo Appio ter sido alvo de um “bullying processual” no âmbito da Lava Jato. Ele também declarou ter sido vítima de uma suposta tentativa de extorsão e citou Deltan e o ex-juiz Sergio Moro, hoje senador pelo União Brasil do Paraná.


Em nota divulgada após o depoimento do advogado, a assessoria de Moro sustentou que seu cliente é alvo de “calúnias” e não teme “qualquer investigação”. Deltan, por sua vez, se referiu a Appio como “juiz lulista e midiático, que nem disfarça a tentativa de retaliar contra quem, ao contrário dele, lutou contra a corrupção”.

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