Política

Líder do governo de SP chama projeto de Alckmin de “burro”

Em audiência, o deputado tucano Barros Munhoz fez duras críticas à proposta do congelamento de gastos públicos no estado por dois anos

Líder do governo de SP chama projeto de Alckmin de “burro”
Líder do governo de SP chama projeto de Alckmin de “burro”
O deputado estadual Barros Munhoz e o governador Geraldo Alckmin, em julho de 2017
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Em uma audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de São Paulo nesta quinta-feira 26, o líder do governo Barros Munhoz, do PSDB, chamou de “burro” o projeto do aliado Geraldo Alckmin de congelar os gastos públicos por dois anos.  

Ao tomar a palavra na tribuna, Munhoz pediu licença ao secretário de Fazenda de Alckmin, Hélcio Tokeshi, e chamou de “burrice” o encaminhamento da proposta à Alesp. “O envios desses projetos para Casa, com todo respeito meu caro secretário, foi a maior burrice que eu já vi na minha vida. Um verdadeiro tapa na cara de quem já está sofrendo”, afirmou o deputado estadual, antes de defender os servidores públicos do estado. “Depois de três anos de sofrimento, sem aumento, os servidores de São Paulo, que são o sustentáculo desse estado, recebem a notícia de um projeto com este teor.” (assista ao vídeo abaixo)

O deputado afirmou ainda que o texto da proposta “foi redigido em Brasília”, uma provável alusão à Emenda à Constituição que congelou os gastos públicos no País por 20 anos. “Essa terra é de Bandeirantes. Ninguém precisa nos enfiar goela abaixo um projeto de lei, que além de ser burro, fala o que não é para ser feito.”

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Em seguida, o deputado sugere que o responsável pela proposta também é “burro”, embora não se possa precisar se o alvo é Geraldo Alckmin ou seu secretário de Fazenda, presente à audiência. “Eu já vi burro querer esconder que é burro, mas burro se jactar de ser burro, eu nunca tinha visto.”

 

A relação entre os dois tucanos sempre foi de cordialidade e apoio. No perfil oficial de Munhoz no Facebook, é possível encontrar muitas postagens que exaltam a parceria com o governador de São Paulo. Em 29 de setembro, o deputado afirmava que tinha “orgulho de fazer parte deste governo!!!”, ao informar que estava ao lado de Alckmin e outros parlamentares no Palácio do Bandeirantes. Em outra, ao comentar que São Paulo liderava o ranking de competitividade entre os estados, soltou: “A gente já sabia, não é, Geraldo Alckmin?”

O governador também rasga elogios ao deputado. “O Barros tem um jeito, um vigor e uma liderança para aprovar todos os projetos na Assembleia e aperfeiçoar os projetos”, diz o tucano em um dos vídeos postados na timeline de Munhoz.

O deputado até se arriscou a aconselhar o prefeito tucano de São Paulo, João Doria, a não atropelar a pretensão da candidatura de Alckmin à presidência. “O Dória (sic) diz que não é candidato a presidente e a governador, mas se comporta como candidato a presidente e, se não der, candidato a governador”, afirmou.

“Estou querendo alertá-lo. Eu já falei pessoalmente com ele”, frisou. “Quem deixa o cargo apressadamente pra ser candidato ou quem trai o padrinho, o povo não aceita isso. João, você é novo e pode ser presidente da República, mas hoje não está preparado para ser presidente da República”, disse.

O projeto

O projeto responsável pela aparente celeuma é o PL 920/2017, enviada pelo governador à Assembleia Legislativa do Estado (ALESP) em regime de urgência na primeira semana de outubro. Similar à PEC 241, que congelou os gastos públicos federais por 20 anos, o PL autorizaria o mesmo procedimento para as despesas primárias do estado por dois anos. Na prática, a medida limitaria os investimentos em saúde, educação e demais serviços em São Paulo.

Pela proposta, o governo paulista só poderá aumentar os investimentos de acordo com a inflação do ano anterior. A inflação de 2017 está em 1,78% até setembro e deve chegar a 3% neste ano. Este será o aumento autorizado para as despesas caso a lei seja aprovada pelos deputados estaduais.  

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