Líder do governo no Senado coloca cargo à disposição após ação da PF

O senador disse que a entrega do cargo fica a critério do presidente Jair Bolsonaro e dos ministros Onyx Lorenzoni e Luiz Eduardo Ramos

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Após ser alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga possível recebimento de propina,  o líder do governo Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB -PE), anunciou que pode entregar o cargo. “Tomei a iniciativa de colocar à disposição o cargo de líder do governo para que o governo possa ao longo dos próximos dias fazer uma avaliação se não seria o momento de proceder uma nova escolha ou não”, declarou.

A decisão, informou o senador, ficará a cargo do presidente Jair Bolsonaro e dos ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).

O gabinete do senador e de seu filho, o deputado Fernando Filho (DEM-PE), foram alvos de buscas na manha desta quinta-feira. O apartamento de Coelho e endereços ligados aos dois em Pernambuco também foram vasculhados.

A operação Desintegração apura desvio de dinheiro público de obras na região Nordeste, envolvendo os parlamentares e quatro empresas, OAS, Constremac, Barbosa Mello e S.A Paulista. Um dos focos são as obras de transposição do rio São Francisco, período em que Bezerra atuava como ministro da Integração Nacional de Dilma Rousseff (PT).

A suspeita é de que dinheiro de contratos superfaturados ou fictícios de obras vinculadas ao Ministério da Integração Nacional tenha sido desviado para campanhas dos políticos.


A transposição do Rio São Francisco é a maior obra hídrica do Brasil. O eixo leste foi inaugurado às pressas pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) em março de 2017, e logo em seguida, de maneira simbólica, pelos petistas Lula e Dilma. Já o eixo norte segue sem previsão para conclusão. O orçamento inicial de toda a obra saltou de 4,5 bilhões para 12 bilhões de reais.

A investigação envolve delações premiadas de doleiros e empresários, compreende ainda outros 52 mandados de busca e apreensão, que serão cumpridos, para além de Brasília e Recife, em Petrolina (PE), além dos estados de Alagoas, Bahia, Santa Catarina, Ceará, Paraíba e São Paulo.

Iniciada em 2017, com a delação premiada de dois empresários presos na operação Turbulência, a ação prendeu à época donos do avião que caiu com o ex-governador pernambucano Eduardo Campos. Em depoimento, os colaboradores disseram ter pago propina ao senador Fernando Bezerra Coelho e ao filho entre 2012 e 2014. Os depósitos teria sido feitos por empreiteiras que estavam fazendo obras relacionadas com o ministério da Integração Nacional.

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