Lula: a taxa de juros deve melhorar quando eu puder indicar um novo presidente do BC

O presidente também rebateu declarações recentes de Roberto Campos Neto, atual chefe do Banco Central

Foto: Reprodução

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O presidente Lula (PT) voltou a criticar a taxa básica de juros, a Selic, que foi mantida em 10,5% na última reunião do Comitê de Política Monetária, o Copom, do Banco Central.

“A taxa de juros em 10,5% é irreal para uma inflação de 4%. Agora, eu não sou do Conselho Monetário Nacional, eu não sou diretor do Banco Central. Isso vai poder melhorar quando eu puder indicar um presidente, que vai pro Senado e a gente vai poder construir uma nova filosofia”, disse o presidente, nesta sexta-feira 28, em entrevista à rádio O Tempo, de Belo Horizonte, Minas Gerais.

Lula evitou antecipar qual será a sua escolha para o cargo. Nos bastidores, Gabriel Galípolo, atual diretor de política monetária do BC e ex-número 2 do Ministério da Fazenda, é o mais cotado. Nos mesmos corredores, Aloizio Mercadante, que comanda o BNDES, e o ex-ministro Guido Mantega também são citados como possíveis indicados.

“Eu vou escolher uma pessoa responsável. E se a pessoa é responsável, o presidente da República não vai ficar dando palpite. Tem que confiar que a pessoa que está lá é competente para fazer as coisas. E já foi assim, não é novidade, eu não sou um estranho no ninho”, disse Lula, sobre a indicação.

Lula também aproveitou a conversa para rebater declarações recentes do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O banqueiro tem defendido que os discursos de Lula sobre a Selic impactam na condução da política monetária. O petista também ironizou uma tentativa de veículos da imprensa hegemônica e integrantes do mercado de atrelar suas declarações à alta do dólar.

“Importante lembrar que ele é presidente do Banco Central do governo anterior, que ele pensa pensa ideologicamente igual o governo anterior, e que eu acho que ele não está fazendo o que deveria ter feito corretamente”, rebateu. “Mas, de qualquer forma, ele tem um mandato até dezembro”, reforçou, em seguida.


Sobre o dólar, o mandatário negou qualquer relação com as suas declarações, uma vez que a cotação foi divulgada minutos antes da sua entrada ao vivo.

“Nós descobrimos que o dólar tinha subido 15 minutos antes da entrevista. E por que o dólar está subindo? Porque tem especulação, tem especulação com derivativos na perspectiva de valorizar o dólar e desvalorizar o real”, citou Lula. “O Banco Central tem a obrigação de investigar isso”, cobrou, então, o petista.

Por fim, o presidente afirmou que seguirá comentando as decisões do Banco Central, independentemente da opinião de Campos Neto e de integrantes do mercado financeiro:

“Vou continuar falando…quem vai falar pelo Brasil, o presidente do Banco Central? Não, é o presidente da República, que foi eleito para isso”.

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