Moraes diz à PF que sofreu duas investidas de agressores e foi acusado de ‘roubar as eleições’

Parte do conteúdo da oitiva foi revelado pelo jornal o Estado de S. Paulo desta terça-feira

O ministro Alexandre de Moraes, do STF e do TSE. AFP PHOTO/TSE/SECOM/ANTONIO AUGUSTO

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Em depoimento à Polícia Federal realizado nesta segunda-feira 24, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contou ter sido alvo de duas investidas hostis de um grupo de brasileiros no aeroporto de Roma, na Itália. Durante as agressões, disse o ministro aos investigadores, ele foi acusado de ‘roubar as eleições’.

O depoimento de Moraes foi parcialmente revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta terça-feira 25. Segundo a publicação, o relato foi confirmado por outros quatro integrantes da família do ministro, que estavam presentes na agressão. Todos disseram aos policiais que as imagens do aeroporto poderiam confirmar a versão.

Na oitiva desta segunda, Moraes reforça o que já havia relatado na ocorrência inicial no caso. Naquele dia 14 de julho, diz o ministro, Andrea Munarão o abordou enquanto ele fazia o credenciamento para entrar na sala VIP do aeroporto italiano. Os primeiros xingamentos são os já amplamente divulgados: ‘comunista, bandido e comprado’.

De acordo com o jornal, o ministro informa então aos investigadores que ele entrou na sala VIP, mas que Andrea ficou do lado de fora e iniciou uma gravação, prosseguindo com os xingamentos. É aqui, então, segundo os depoimentos, que ela acusa Moraes de ter ‘fraudado as urnas e roubado as eleições’.

Os filhos do ministro, que ainda estavam do lado de fora da sala, alertam para que ela parasse a filmagem e as agressões, caso contrário, seria processada. Após o alerta, informaram Moraes e os filhos à PF, ocorre a agressão.

Andrea teria chamado o marido, o empresário Roberto Mantovani, que avançou contra o filho de do ministro repetindo parte das hostilidades. “Filho de bandido, comunista, ladrão. Seu pai fraudou as eleições”, registra o depoimento em um dos trechos divulgados pelo jornal.


O momento exato da agressão, de acordo com o depoimento citado pelo Estadão, é quando o filho de Moraes tenta pegar um celular para gravar os xingamentos. O empresário desfere então um tapa no rosto do homem e faz com que os óculos caiam. Roberto, informa o jornal, teria sido contido por um estrangeiro. Novamente, a indicação é de que as imagens do aeroporto irão confirmar o relato.

Moraes disse ainda à PF que, mesmo após a agressão, o grupo de brasileiros fez uma segunda investida contra ele e sua família. Ele diz que estava já na sala VIP quando o casal retornou e passou a gravar o local. Aos policiais, Moraes disse que foi até o casal neste segundo momento para informar que tiraria fotos para identificá-los e que eles seriam processados no Brasil. Novamente, diz Moraes, ouviu as acusações de que ele teria fraudado as urnas e roubado as eleições. O coro de acusações foi ecoado por Alex Zanatta, o genro de Roberto e Andrea.

Investigados no caso, os três suspeitos negaram as agressões. As versões apresentadas aos policiais, em depoimentos recentes, diverge do relato do ministro. Eles disseram ter sido confundidos com outros brasileiros e que, após discussão acalorada com os filhos do ministro, o empresário teria tentado afastar o grupo e não agredir. Eles foram alvos de operação de busca e apreensão e as imagens encaminhadas pela defesa para a Polícia Federal são suspeitas de serem editadas.

A PF já está em posse de parte das imagens do aeroporto. A expectativa é a de que as gravações possam dirimir contradições nas versões. Recentemente, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse ter sido informado por autoridades italianas de que as agressões teriam mesmo ocorrido.

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