Política
Moro: “Não entrei no governo para servir a um mestre. Entrei para servir ao País”
Em entrevista à revista Time, ex-ministro disse que se sentiu incomodado de fazer parte de um governo que não leva a sério a pandemia
Em entrevista concedida à revista Time divulgada na quinta-feira 21, o ex-ministro Sérgio Moro declarou: “Eu não entrei no governo para servir a um mestre. Eu entrei para servir ao país”. A informação também foi publicada em sua conta pessoal no Twitter.
À reportagem, Moro também disse que se sentiu desconfortável em fazer parte de um governo cuja liderança não levou a sério a pandemia do novo coronavírus. “Mas o meu foco está no estado de direito”, afirmou.
Não entrei no Governo para servir a um mestre. Entrei para servir ao País, à Lei. https://t.co/VKvDqW4nDM
— Sergio Moro (@SF_Moro) May 21, 2020
O ex-ministro falou sobre a necessidade do País fortalecer os pilares da democracia, mas ressaltou o funcionamento das instituições. “O Brasil é uma democracia firme. Suas instituições às vezes sofrem alguns ataques, mas estão funcionando. E há uma percepção crescente na opinião pública de que nós precisamos fortalecer os pilares da nossa democracia, incluindo o estado de direito. Esses desejos continuam, apesar das circunstâncias do momento”.
Moro também voltou a afirmar que sua intenção não era prejudicar o governo, “mas eu não me sentiria confortável com minha consciência sem explicar por que estava saindo”, emendou. Ao deixar o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública, Moro falou sobre a intenção do presidente Jair Bolsonaro de interferir no comando da Polícia Federal, motivo pelo qual teria demitido o então diretor-geral Maurício Valeixo, e nomeado posteriormente Alexandre Ramagem, diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e próximo da família Bolsonaro. A sua nomeação foi barrada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que entendeu haver “desvio de finalidade” pela proximidade com a família do presidente.
O ex-ministro não fez afirmações sobre as eleições de 2022. “Essa não é a preocupação do momento. Eu acabei de sair do governo. Eu preciso restabelecer minha vida privada. E estamos no meio de uma pandemia”. Moro ainda disse que será necessário se reinventar uma vez que não poderá voltar a ser juiz. “Não tenho como voltar e assumir meu papel de juiz novamente. Perdi isso para sempre”, e comentou que universidades têm feito convites para que ele volte a ser professor de Direito.
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