Política
MP de Contas quer investigar gastos do cartão corporativo de Bolsonaro
Foram gastos ao menos 27,6 milhões de reais com despesas que vão de hotéis de luxo a gastos pessoais, como cosméticos e sorvetes
O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União pediu à Corte a abertura de uma investigação sobre os gastos do cartão corporativo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os dados que vieram a público nesta quinta-feira 12 mostram que o ex-capitão gastou cerca de 27 milhões de reais durante os quatro anos de mandato.
A manifestação foi enviada ao presidente do TCU, Bruno Dantas, pelo subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado. Nela, o MP pede que a Corte de Contas estabeleça “novos critérios” quanto ao uso do cartão corporativo “em face dos abusos ou desvios apontados em sua utilização”.
Além disso, Furtado solicita o envio da manifestação à Procuradoria-Geral da República, que deverá “verificar se a utilização de referido cartão pelo ex-presidente Jair Messias Bolsonaro caracterizaria crime de acordo com a legislação penal em vigência”.
Os gastos de Bolsonaro foram divulgados pela Secretaria-Geral da Presidência da República, em resposta a uma solicitação feita via Lei de Acesso à Informação pela agência Fiquem Sabendo.
O ex-capitão gastou ao menos 27,6 milhões de reais nos cartões. Entre as despesas estão hotéis de luxo e gastos pessoais como cosméticos e sorvetes.
Entre os dias 9 e 10 de julho de 2021, quando participou de motociatas com bolsonaristas na Serra Gaúcha e em Porto Alegre, foram gastos 166 mil reais no cartão corporativo, em 46 despesas separadas, referentes a hospedagem, alimentação e combustível.
Além dos gastos com viagem, Bolsonaro também usou cerca de 8 mil reais do dinheiro público para comprar sorvetes. Em uma única despesa foram gastos 540 reais em uma sorveteria.
Outra despesa aponta que o ex-capitão gastou 678 mil reais, em 1,2 mil compras, em um mercado que comercializa alta gastronomia. Os gastos destoam do discurso de Bolsonaro que alega ser um homem de hábitos simples. Além de hospedagens e comida, os dados divulgados também apontam compras em lojas de artigos de pesca e antena parabólica.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Jornalista que defendeu golpistas e ofendeu Moraes deixa o SBT em Santa Catarina
Por CartaCapital
STF confirma decisão de Moraes que proibiu bloqueio de vias
Por CartaCapital