‘Muita gente vota com o estômago’, diz Bolsonaro sobre eleitores de Lula

Em entrevista a um podcast, o ex-capitão criticou os discursos do petista sobre melhorar a vida dos mais pobres

Foto: Reprodução

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) insinuou nesta sexta-feira 14 que os eleitores mais pobres apoiam Lula (PL) por ‘pensarem com o estômago’. A afirmação foi feita em entrevista a um podcast conservador.

Muita gente vota com o estômago, vota com promessa e está achando que vai comer picanha todo fim de semana”, disse Bolsonaro. “Mas tem que perguntar e combinar com o pecuarista, porque para criar o boi é caro. E tem cara que acredita nisso [que vai voltar a comer picanha]”.

A declaração faz uma referência a discursos em que Lula afirma que quer ver o povo voltar a comer picanha. Na quarta-feira 12, Lula ironizou ‘o desespero’ de Bolsonaro sobre o tema e esclareceu que cita a picanha por ser ‘a parte mais gostosa do churrasco’ e que sua promessa vai além de oferecer o corte da carne, mas sim garantir três refeições ao dia e a possibilidade financeira de que o povo volte a fazer churrascos ao fim de semana.

Neste segundo turno, esta é a segunda vez que Bolsonaro atribui o voto dos mais pobres em Lula à ‘ignorância’. Na semana passada, em uma transmissão ao vivo nas redes sociais, ele disse que o petista teve bom desempenho no Nordeste porque a região concentra altos índices de analfabetismo.

Ainda no conversa com o podcast nesta sexta, Bolsonaro disse que não promete empregos, casas populares e aumento de salário e que sua principal missão seria apenas dar continuidade ao que realizou até o momento.

“’Nego’ chegava para mim e falava: ‘usando a verdade tu não vai chegar em lugar nenhum, tem que mentir, cara…tem que falar que vai criar 10 milhões de empregos, 50 milhões de casas populares, triplicar o salário mínimo…[‘picanha barata’, interrompe o apresentador]…se não falar isso aí, tu não vai chegar’”, declarou. “A regra é mentir, quem mente mais, com alguma inteligência, chega…e não to falando nenhuma mentira aqui, é verdade”.


Ao fim da resposta em que atacou eleitores mais pobres, Bolsonaro tornou ainda a negar que seu governo seja corrupto, apesar dos inúmeros escândalos revelados ao longo dos quatro anos de mandato. “As acusações de corrupção contra mim morrem no mesmo dia. Não tem nada de concreto, nada”.

No caso mais recente, sua família é acusada de comprar 51 imóveis em dinheiro vivo. Ele, no entanto, não citou o episódio ou forneceu qualquer explicação para as transações na declaração.

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