No Nordeste, mesmo quem não sabe ler tem consciência de classe, dizem autores do jingle ‘Tá na hora do Jair já ir embora’

Juliano Maderada e Tiago Doidão falam sobre o sucesso dos jingles e criticam os ataques de Bolsonaro ao eleitorado nordestino: 'No nordeste, a gente pega, vê a obra de Lula'

Créditos: Reprodução

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O refrão ‘Tá na hora do Jair, já ir embora’ virou uma espécie de hino entre os eleitores de Lula (PT). Além de embalar milhares de publicações pelas redes sociais, o jingle também tem mobilizado multidões nas chamadas festas paredão pelo nordeste do País.

A criação é mais um sucesso do compositor Júlio Hermínio Luz, conhecido como Juliano Maderada, em parceria com o também cantor e compositor Tiago Doidão. A dupla, que segue apostando na eleição de Lula no segundo turno, e inclusive criou um novo refrão para o período eleitoral (‘os seus dias estão contados, dia 30 é o resultado, tchau, tchau Bolsonaro) conversou ao vivo com CartaCapital nesta quarta-feira 19.

Durante a entrevista, a dupla falou sobre a história de vida, o sucesso repentino dos jingles, e o potencial mobilizador das criações em trazerem temas políticos para parte da população que não acompanha os debates eleitorais. “Nós falamos de economia, da fome, do racismo, dos índios”, explicou Juliano.

Os músicos também fizeram críticas aos ataques feitos pelo presidente Jair Bolsonaro ao eleitor nordestino, que votou em maioria no candidato petista. O presidente chegou a associar o voto em Lula ao analfabetismo da população.

“Lula venceu em nove dos dez estados com maior taxa de analfabetismo. Vocês sabem quais são os estados? No nosso Nordeste, não é só a taxa de analfabetismo alta o mais grave nesses estados. Outros dados econômicos agora também são inferiores nas regiões, porque esses estados no Nordeste estão há 20 anos sendo administrados pelo PT”, disse em uma live no dia 6 de outubro.

Juliano Maderada reagiu às críticas. “O nordeste é lulista. O povo trabalhador aqui vota em Lula porque sabe que foi muito importante o governo. Hoje, pra gente saber que Bolsonaro fez alguma coisa, tem que passar na televisão, de longe, lá no Amapá, Rondônia, Roraima. Eu saio aqui na porta e vejo um poste do Luz Para Todos para o meio rural que foi Lula que fez, eu vejo um carro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), olho aqui por cima do muro e vejo as casas populares que ele fez”, disse o compositor que mora em Iguaí, município da Bahia.


“Então, antes de criticar o nordestino tem que entender. O nordestino não vota com a barriga não, o nordestino também estuda, também é médico, escritor, poeta, músico, historiador, professor. Mesmo quem não saber ler no Nordeste tem consciência de classe”, declarou.

“Aí Bolsonaro diz, eu levei água pro Nordeste. O voto da urna é a resposta para quem levou água para o Nordeste. O povo votou em Lula, se fosse ele [Bolsonaro], o povo votaria nele”.

Confira a entrevista completa:

 

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