No WhatsApp, empresários bolsonaristas defendem golpe caso vença Lula

As trocas de mensagens foram reveladas pelo colunista Guilherme Amado, após acompanhar conversas em um grupo formado no aplicativo

O PRESIDENTE JAIR BOLSONARO, EM SÃO PAULO, NO 7 DE SETEMBRO. FOTO: MIGUEL SCHINCARIOL/AFP

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Um grupo de empresários apoiadores do presidente Jair Bolsonaro tem explicitado apoio a um golpe de estado caso o presidente Lula seja eleito nas eleições. As informações são do colunista Guilherme Amado, do Metrópoles, que acompanhou, durante meses, trocas de mensagens de um grupo de Whatsapp chamado Empresários & Política.

Fazem parte do grupo empresários como Luciano Hang, dono da Havan; Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu; José Isaac Peres, dono da gigante de shoppings Multiplan; e outros menos famosos, como José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro; Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia; e Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da marca de surfwear Mormaii.

Segundo o colunista, o ponto alto de apoio à ruptura democrática se deu no dia 31 de julho, quando Koury afirmou, em mensagem, que preferia um golpe à volta do PT. “Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, escreveu.

No grupo, os empresários também manifestam apoio ao ato de 7 de Setembro, convocado por Bolsonaro, e repetem as teses do ex-capitão sobre fraude nas eleições.

“Quero ver se o STF tem coragem de fraudar as eleições após um desfile militar na Av. Atlântica com as tropas aplaudidas pelo público”, escreveu Ivan Wrobel, proprietário da W3 Engenharia, construtora especializada em imóveis de alto padrão, principalmente na Zona Sul do Rio de Janeiro.

“O 7 de setembro está sendo programado para unir o povo e o Exército e ao mesmo tempo deixar claro de que lado o Exército está. Estratégia top e o palco será o Rio. A cidade ícone brasileira no exterior. Vai deixar muito claro”, acrescentou o médico gaúcho Marco Aurélio Raymundo, conhecido como Morongo e dono da grife Mormaii.


Entre as mensagens também há manifestação favorável à ruptura institucional feita pelo empresário André Tissot, do Grupo Sierra, empresa gaúcha especializada na venda de móveis de luxo, defendeu que uma intervenção deveria ter ocorrido há mais tempo. Segundo ele, o golpe teria de ter acontecido há mais tempo.

“O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo. [Em] 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais”, publicou.

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