Política
O ovo da serpente
Pesquisadores apontam o embrião da Operação Condor nos rastros deixados por uma entidade brasileira vinculada à Liga Anticomunista Mundial
Em março de 2020, Carlo Barbieri Filho emergiu lateralmente no noticiário nativo para comentar a visita de Jair Bolsonaro nos EUA. Ele havia participado de um encontro do então presidente com empresários em Miami e também de um convescote com a comunidade brasileira na Flórida. CEO do Oxford Group, consultoria que presta auxílio a empreendedores latinos interessados em explorar o mercado norte-americano, vez por outra ele é convidado por veículos de comunicação para analisar as relações comerciais entre os dois países. Mantém, ainda, contatos com o corpo diplomático. No ano anterior, chegou a abrir as portas de sua casa em Boca Raton, também na Flórida, para o cônsul João Mendes Pereira, hoje embaixador na Bélgica e Luxemburgo, em um jantar de aproximação com o empresariado local.
Com experiência no mercado financeiro, sua família era dona do Banco Aplik, que quebrou e acabou vendido para Theophilo Azeredo Santos em 1974. Hoje, o ex-banqueiro apresenta-se, no site do Oxford Group, como consultor, analista político, jornalista, palestrante e ativista cívico. Poucos sabem, porém, que esse ativismo começou ainda nos anos 1970, quando o economista assumiu a presidência da obscura Sociedade de Estudos Políticos, Econômicos e Sociais, a Sepes, braço brasileiro da Liga Anticomunista Mundial (WACL, na sigla em Inglês).
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.