Política
O pesadelo de Tio Sam
O rápido reconhecimento da vitória de Lula pelos EUA é um gesto político calculado
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Desde meados de 2021, o governo dos EUA tem comunicado que confia no sistema eleitoral brasileiro e não apoia qualquer tentativa de golpe. A Casa Branca e o Congresso norte-americano reafirmaram essa posição diversas vezes e pressionaram Jair Bolsonaro a não contestar o resultado das urnas. De forma consistente, logo após a Justiça Eleitoral confirmar a vitória de Lula, Washington prontamente parabenizou o presidente eleito, exemplo seguido por diversas outras potências. Essa sinalização foi fundamental para confirmar a ausência de apoio externo às pretensões golpistas do candidato derrotado e de seus seguidores.
O apoio dos EUA à continuidade democrática não era uma certeza. A forma como o país tem agido neste caso específico é bastante distinta de seu histórico na América Latina, onde o suporte a golpes de Estado no passado recente é amplamente corroborado pela historiografia. No caso do Brasil, como vastamente documentado, Washington financiou e apoiou o golpe de 1964, além de colaborar com a repressão. O que explica, então, a atual posição dos EUA? Destacamos duas razões: uma interna, relacionada às disputas entre democratas e a extrema-direita, e outra externa, relativa ao papel que o Brasil representa para os interesses globais estadunidenses.
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