Política
O ponto de partida do Ministério dos Direitos Humanos no enfrentamento ao extremismo no Brasil
Relatório final do GT criado após os atos do 8 de Janeiro indica pontos de atenção e traça os próximos passos para políticas de governo permanentes
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A partir da depredação das sedes dos Três Poderes, as cenas dos ataques hostis às escolas, manifestações racistas e ameaças de morte foram episódios que permearam os 180 dias de trabalho do GT de enfrentamento ao discurso de ódio e extremismo, concluído nesta segunda-feira 3.
O relatório final, apresentado ao ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida, traz um mapeamento de itens e principais grupos, instituições e sistemas sob ataque.
São elas:
- jovens e pessoas idosas;
- escolas, instituições de ensino e docentes;
- instituições e profissionais da imprensa e da ciência;
- democracia;
- mulheres
- pessoas LGBT
- estrangeiros e pessoas da região Norte e Nordeste
A fim de estancar parte do problema, o grupo, formado por 111 integrantes – entre membros do governo, sociedade civil e convidados – sugeriram projetos de formação em Direitos Humanos, fortalecimento de programas de saúde mental nas escolas, reforço das de Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância e mecanismos de denúncia com a devida reparação dos crimes.
A presidente do GT, Manuela D’Ávila, e o relator, o advogado Camilo Onoda Luiz Caldas, apontam que a indefinição jurídica do tema, a sua conceituação, “bem como as dificuldades de distinção em relação aos crimes contra a honra e outras ofensas”, criam um problema no acolhimento das vítimas dos discursos de ódio.
Por isso, propuseram a criação de um Fórum Permanente de Enfrentamento ao Discurso de Ódio e ao Extremismo junto a um plano de cidadania digital. Medida posteriormente destacada pelo ministro Silvio Almeida durante a cerimônia de entrega do relatório.
“A estabilidade não apenas da democracia do Brasil mas da República, ela vai depender da nossa capacidade de reagir à altura contra esses arautos do caos, do desespero e do ódio”, afirmou o ministro, acrescentando que o fórum a ser criado via portaria pelo ministério.
A permanência deve-se, não apenas pela complexidade e constante mudança do tema, mas também pela reincidência do extremismo capitaneado através das redes sociais — o palco de início ou de conclusão dos ataques recentes vividos no País.
“O ódio não é apenas uma forma de expressar nossos sentimentos ou afetos. O ódio é uma mercadoria, tal como aprendemos desde o séc XIX, vira fonte de lucros em empresas, empresas que administram as redes sociais”, disse o ministro em referência às big techs, foco do PL das Fake News.
A regulação das plataformas é destacada como eixo primordial para evitar que os episódios aconteçam, e que os autores sejam punidos.
“Se o anonimato das redes não podem ser escudo para a impunidade, tampouco a imunidade parlamentar ou ainda, uma falsa proposição de religiosidade também não é escudo para quem pratica crimes, para criminosos, é assim que eles têm que ser tratados”, declarou Almeida.
De acordo com o relator, Camilo Caldas, ainda há um segundo documento a ser entregue pelo grupo com proposições mais detalhadas. Ainda não há data para divulgação.
Confira o documento na íntegra:
Relatório GT Ódio e Extremismos - Digital_30.06.23Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
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